SOBRE A CENSURA IMPOSTA AO FESTIVAL LOOLAPALLUZA
Como o curso d’água que, depois de romper a barragem, se transforma em milhares de regatos, um grito está brotando por toda a parte, ecoando simultaneamente a revolta (contra a maldade e o obscurantismo) e a esperança (na viva possibilidade de melhores dias para todos). Onde quer que pessoas estejam reunidas, um burburinho dá início ao movimento e, inevitavelmente, alto e bom som, as gargantas se manifestam. Não foi diferente no festival Lollapalooza, onde, diante de multidões de jovens ávidos por participar da reconversão do Brasil àquilo que foi antes do golpe de 2016, artistas entoaram a voz do Povo, verbalizando a santa revolta com os ‘Fora Bolsonaro’, ‘Bolsonaro, VTNC’ e ‘Lula, Lula, Lula’ que, hoje, traduzem o sentimento do Brasil. Como não poderia deixar de ser, o Planalto e a turma do Capetão ficaram apavorados e, com o nítido desejo de amordaçar a juventude, restaurando os tempos mais duros dos anos de chumbo, acionaram o TSE, pedindo a proibição das manifestações, alegando tratarem-se de ‘campanha antecipada’. E aconteceu o impensável (e, ao mesmo tempo, previsível). Esquecido da sua responsabilidade com a Democracia, o tribunal acolheu parte da solicitação autoritária. Vale dizer que isto só aconteceu porque o processo foi distribuído para o ministro Raul Araujo, que já mostrou simpatia por Bolsonaro em outras ocasiões. Pois bem, proibidos de clamar por ‘Lula, Lula, Lula’, os manifestantes capricham no ‘Bolsonaro, VTNC’. A festa foi linda. Por mais que tentem, Bolsonaro e a turma do Capetão não vão impedir o retorno da Luz.