Semana passada, em tentativa de reforçar a imagem de xerife do mundo e, ao mesmo tempo, de que considera a América Latina quintal dos Estados Unidos, a administração Joe Biden convocou os países-parceiros para reunião que a Casa Branca chama de ‘Cúpula das Américas’.
Desfalcado de oito importantes países do continente, o encontro foi um fracasso diplomático. Imagine que, ao saber da recusa dos presidentes de México, Bolívia, Guatemala e Honduras de viajar à Los Angeles em solidariedade à Cuba, Venezuela e Nicarágua (que não foram convidados para o convescote organizado pelo departamento de Estado dos EUA), a Casa Branca exasperou-se e, para garantir a presença do Brasil no encontro, ofereceu uma audiência do presidente Joe Biden a Jair Bolsonaro. Imagine o nível de um encontro que, para evitar o fracasso total, depende da presença de Bolsonaro, logo dele.
Da mesma forma que fez com o convite de Vladimir Putin, Bolsonaro aceitou de pronto o chamado de Joe Biden. Foi uma festa para Bolsonaro e um transtorno (mais um) para a diplomacia brasileira. De imediato, precisou contratar 81 apartamentos (39 destinados ao grupo precursor e 42 para a comitiva oficial) e bancar 430 diárias ao custo de R$ 1,3 milhão. A tal Cúpula foi um fracasso só igualado pelo fiasco diplomático da viagem de Bolsonaro.
Já na 4ª feira, dia 08/06/2022, depois de ser desestimulado a tratar com Joe Biden quaisquer questões eleitorais do Brasil (a Casa Branca sabe e não apoia as pretenções golpistas de Bolsonaro), o ainda presidente brasileiro teve o nome trocado pela secretária de Imprensa da Casa Branca Karine Jean-Pierre, que, ao responder sobre as concessões solicitadas por Bolsonaro para comparecer à Cúpula das Américas, deixou claro o seu desprestígio, chamou-o de Juan Guaidó (figura caricata, que se diz ‘presidente auto investido’ da Venezuela). Mas, o fiasco não ficou por aí.
Como menino levado, Bolsonaro aproveitou a viagem para uma parada de dois dias em Orlando (onde, além de visitar a Disney, teve um encontro com o foragido Allan dos Santos).
Cismou, então, de violar as regras de trânsito dos EUA, realizando uma motociata. O desastre seria maior se não fosse o bom senso do xerife local, que conteve os policiais já em movimento, prontos para prender o desordeiro.