O golpe de 2016 confirmou a índole pirata do movimento liberal, que não poupa, sequer, o tempo. Isto vale para o futuro e também para o passado. Ao impor o famigerado Teto de Gastos por 20 anos, se imiscuindo no mandato de seus sucessores, o usurpador Michel Temer lançou as garras do liberalismo para o futuro (talvez a ‘Ponte para o futuro’ se refira a este tipo de roubo). De sua parte, depois de tentar se apropriar dos símbolos nacionais (como a bandeira, as cores verde amarela e, até, do 7 de setembro), Jair Bolsonaro se voltou para o passado e começou a roubar fragmentos dos feitos de seus antecessores, chegando ao ponto de reinaugurar obras. Refletindo seu gosto pela destruição, a incursão de Bolsonaro sobre o passado tem muito do ‘desfazer’ que caracteriza os toscos. Por ocasião das vergonhosas homenagens póstumas que prestou ao pústula Olavo de Carvalho, veio à tona que, no seu roubo ao passado e à história do País, Bolsonaro mandou cancelar o Luto Oficial decretado por seus antecessores pela partida de personagens como D. Helder Câmara, Darcy Ribeiro e Frei Damião. É impressionante como esta turma gosta de roubar.
Autor: Alexandre Santos
Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Preside a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores, presidiu o Clube de Engenharia de Pernambuco e a União Brasileira de Escritores e faz a coordenação nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural. Autor premiado com livros publicados no Brasil e no exterior, Alexandre é o editor geral do semanário cultural ‘A voz do escritor’ e diretor-geral do canal ‘Arte Agora’.