Outro dia, num raro comentário sobre as iminentes eleições presidenciais na Venezuela, Lula se referiu ao caráter relativo da Democracia. Foi um Deus-nos-acuda.
Os bolsonaristas caíram de pau no presidente de Brasil, como se ele tivesse cometido alguma heresia.
Depois, houve eleições na Rússia e foi outro Deus-nos-acuda.
Na onda da nova guerra fria estimulada pela Casa Branca, sem qualquer alusão à prorrogação ad eternum do ‘mandato’ do presidente da Ucrânia, a direita mundial questionou a reeleição de Vladimir Putin e tentou desqualificar a Democracia praticada na Rússia.
E neste embalo, como se encarnasse uma espécie de poder certificador, acompanhados por todos aqueles abrigados na sua órbita (e são muitos), os Estados Unidos se arvoram de definir quem é e quem não é democrata por todo o mundo.
Agora, no entanto, presos na armadilha criada por eles próprios, os Estados Unidos estão numa sinuca de bico, pois, ao tempo que, à guisa de ‘prática democrática’, mostram um jogo de cena no qual foram transformadas as suas eleições presidenciais e tentam minimizar a grandiosidade do pleito que vai determinar o sucessor do presidente Ebrahim Raiesi no Irã.
De fato, enquanto o mundo assiste a falência da política dita democrática dos Estados Unidos, resumida às ridículas candidaturas de Joe Biden e Donald Trump (será que, além destes dois, não existe mais ninguém interessado em comandar o império?), depois de realizar o primeiro turno das eleições em 28 de junho de 2024 com a presença de quatro candidatos, os Iranianos voltarão às urnas no próximo dia 05 de julho para escolher entre Masud Pezeshkián (que, no primeiro turno, teve 42,1% dos votos) e Saíd Jalilí (que, no primeiro turno, teve 38,3% dos votos) quem vai ser o próximo presidente do Irã.
Mesmo assim, ainda tem gente que se refere à Democracia iraniana como o ‘regime dos Aiatolás’ e à timocracia norte-americana com ‘padrão de democracia’.
De qualquer forma, tudo leva a crer que, nos próximos anos, o quesito ‘Democracia’ deverá ser excluído do rol daqueles usado pelos Estados Unidos para definir os ‘bons’ e os ‘maus’.
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