‘Cachorro em dia de mudança’. Esta é uma das figurações usadas pelo Povo para definir alguém muito perdido ou confuso. Pois é exatamente assim que o presidente Jair Bolsonaro parece estar.
Mas, queria o quê? Ele passou todo o tempo empenhado em desgovernar o País, em desfazer projetos, em desconstruir ações, em desfazer alianças, enfim em destruir tudo ao seu alcance e, agora, queria algo diferente disto que se vê nas ruas e nos lares de todo o País?
Velhos adágios explicam este melancólico final de governo: ‘quem planta vento, colhe tempestade’, ‘não espere colher maçãs em pé de pimenta’.
Desde o início do governo – a começar pelo discurso agressivo às oposições, pelo ódio às minorias, pela composição de equipe descompromissada com o objeto das respectivas pastas, pela eleição de prioridades irrelevantes para o bem-estar da população, pela hostilidade aos governos guiados por ideias diferentes das suas -, Bolsonaro vem sendo um mal (e mau) presidente.
Agora, olha em volta e, vendo que tudo está dando errado, procura algo ou alguém para responsabilizar pelo desastre – durante um tempo culpou o PT, depois culpou a pandemia e o ‘fique-em-casa’, depois passou a culpar a guerra no leste europeu e, agora, pelo visto, quer culpar Lula (que deixou a presidência há mais de uma década) pelo seu fracasso.
Na realidade, usando um linguajar muito antigo, Bolsonaro é um porra-louca que ouviu o galo cantar, mas não sabe onde.
Seguindo o rumo apontado pelos ultraliberais de Paulo Guedes, Bolsonaro 1) patrocinou o projeto de independência do Banco Central e, vendo a inflação descontrolada, sem saber do desemprego que vem por aí, reza para a elevação estratosférica da taxa Selic dar algum resultado; 2) acena com a privatização da Petrobrás e, vendo a desmoralização do discurso do teto do ICMS pelo anúncio de novo aumento do preço do óleo diesel, esbraveja contra a diretoria da companhia.
Vendo o barco fazer água por toda a parte, Bolsonaro se humilha. Pede ajuda eleitoral a Joe Biden, pede congelamento de preços aos supermercadistas, faz de tudo para continuar no Palácio do Planalto.
Ele sabe que, de volta à planície, será julgado e condenado pelos crimes que cometeu (e vem cometendo) nestes tempos nos quais, desrespeitando o País e o Povo brasileiro, brinca de ser presidente da República.