Nestes últimos anos, especificamente a partir da fase imediata antes do golpe contra Dilma Rousseff, muita gente saiu do armário, revelando o lado escuro mais escuro da sua personalidade e, sem subterfúgios, pudemos conhecer, em seu esplendor, nazifascistas, fascistas, egoístas, conservadores, reacionários, racistas, preconceituosos, supremacistas, tarados, golpistas, manipuladores da extrema-direita e toda sorte de maria-vai-com-as-outras.
Nem a derrota eleitoral e posterior deserção de Jair Bolsonaro para os EUA arrefeceram o entusiasmo dos extremistas novatos.
O movimento de exposição ardorosa dos recém assumidos parece ter atingido o ponto máximo nos momentos iniciais do Oito de Janeiro, quando imaginando que, finalmente, as 72 horas mágicas tinham chegado ao fim e a extrema-direita direita retornaria triunfante ao poder.
A repressão àquele movimento mudou tudo. De fato, aliado ao progressivo conhecimento que a sociedade vem tendo sobre Bolsonaro – um desastre sob todos os pontos de vista -, o fracasso da tentativa de golpe deu início a um contra-movimento no sentido de recalcar escuridões, deixando aparecer réstias de luz, em antevisão da recuperação de personalidades que pareciam perdidas para o mundo feio da ignorância, da truculência e da maldade.
Com efeito, a julgar pelo silêncio, pela apatia e pelo ‘vamos-mudar-de-assunto-pois-não-gosto-de-política’ demonstrados por antigos admiradores do Capetão Jair Bolsonaro e das ideias por ele representadas, a intensidade da decepção dos extremistas saídos do armário atingiu um patamar do qual não há mais retorno.
Este fenômeno é facilmente observado nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp e listas de discussão, onde, descontada a ação dos profissionais da política e dos robôs, é cada vez menor a manifestação política dos novatos.
Chegou a hora de voltar para o armário.