A iminente derrota acachapante nas eleições de 02 de outubro está deixando o presidente Jair Bolsonaro transtornado. Em seu desespero, sem conseguir raciocinar direito (coisa que ele nunca fez), esquecido das permanentes agressões feitas ao bem-estar, Bolsonaro quer descobrir um ‘culpado’ para o inevitável insucesso eleitoral e parece disposto a ‘dar metade do seu reino’ àquele que o livrar da derrota. Surgiu, então, a tese de que o seu algoz não é a fome, o desemprego ou os baixos salários e, sim o preço dos combustíveis.
A solução dos seus problemas, portanto, seria a redução dos preços do diesel, do álcool, do gás de cozinha e da gasolina. Mas, como? Bolsonaro sabe que, em função dos acordos firmados pelos golpistas em 2016, os interesses dos sócios minoritários da Petrobrás são intocáveis. Precisa, então, buscar outra ‘solução’.
Pois bem. Acionados pelo Planalto, os gênios do ministério da Economia formularam um pacote de medidas válido até 31 de dezembro (só neste ano eleitoral) que, além de eliminar o PIS, Cofins e CIDE sobre a gasolina e o etanol, estabelece o ressarcimento federal aos Estados que deixem de cobrar ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.
A proposta é ridícula, pois, se por um lado, [a renúncia fiscal] implica em maior inadimplência do governo federal para com os projetos desfalcados dos recursos (provavelmente nas áreas de educação, cultura, saúde e funcionalismo), de outro [lado], [o ressarcimento aos Estados dos valores renunciados pela dispensa da cobrança do ICMS] se apresenta como sumidouro dos valores arrecadados com a entrega da Eletrobrás.
Ou seja, com o pacote fiscal-eleitoral anunciado na 2ª feira, dia 07/06/2022, ao tempo que se dispõe a fragilizar ainda mais projetos em andamento, o governo Bolsonaro se dispõe a trocar a Eletrobrás por um NADA que levaria a lugar nenhum, pois a redução objetiva dos preços aos consumidores seria insignificante (e, também, não o livraria da derrota para Lula).
Como depende de uma PEC, não acredito que o governo consiga aprovar o pacote, pois, além de os governadores (e quaisquer outras pessoas minimamente bem informadas) não acreditarem na palavra de Jair Bolsonaro, a maioria dos parlamentares sabe que os recursos arrecadados com a privatização em curso serão usados pelo futuro governo na reestatização da Eletrobrás.
De qualquer forma, a sociedade brasileira deve registrar que, para contornar um crise gerada pelo curso desembaraçado do liberalismo, ao invés de mudar a política de preços dos derivados do petróleo, o governo Bolsonaro está disposto a sacrificar a Eletrobrás para salvar os interesses do sócios minoritários da Petrobrás (uma patota encastelada em Wall Street, que sequer fala português ou, mesmo, o nome da capital do Brasil).
Ainda bem que este governo está no fim.