As coisas não acontecem por acaso.
Nos últimos anos, impulsionado pela turma do Capetão, alimentando um discurso de ódio e de ignorância para despertar a besta que, segundo ele, existe em cada um, Jair Bolsonaro vem tentando inculcar valores abjetos na sociedade brasileira. Fruto da peristalse presidencial, ao tempo que se fecham bibliotecas (já fecharam mais de 800 nos últimos anos), se desperta e se prestigia a hoplomania, tornando o Brasil um dos campeões mundiais da venda de armas de fogo (com 46 milhões de permissões para compra de armas por civis) e multiplicando os clubes de tiro (quase um por dia) – verdadeiros antros formadores de snipers e de mercenários, como estes que vêm morrendo às pencas à serviço dos batalhões nazistas ucranianos, passo essencial para a formação das milícias.
É assustador constatar que, em consequência de gestos como o desdém aos 670.000 mortos da Covid, como o perdão concedido a Daniel Silveira, como a opinião de que, ‘se vivesse hoje, Cristo compraria uma arma’, com um gestual digno do mais rasteiro dos pistoleiros e do discurso preconceituoso contra minorias e desrespeitoso aos opositores, Jair Bolsonaro estimula a violência e o surgimento do terrorismo doméstico, como aquele visto no dia 10/07, em Foz do Iguaçu, quando, sentindo-se protegido pelo próprio presidente da república, um terrorista invadiu uma festa de aniversário para fuzilar o aniversariante apenas porque dele discordava politicamente.
O pior é que – a julgar pelo acontecido ontem, na praça Saenz Pena, na Tijuca, Rio de Janeiro, quando, junto com um grupo de arruaceiros armados, o deputado fascista Rodrigo Amorim (parceiro de Daniel Silveira no episódio da destruição da placa da Rua Marielle Franco) impediu o candidato ao governo do Estado Marcelo Freixo fazer uma caminhada eleitoral – este processo tende a crescer (pelo menos até outubro). Estas coisas não são certas, nem justas.
As pessoas precisam saber que, próprio dos marginais da cultura, o jeito-Bolsonaro-de-ser não se enquadra numa sociedade que se pretenda minimamente civilizada.
É um modo de ser reprovável e que não deve servir de exemplo para pessoas bem educadas.
Ainda bem que este tempo de trevas está no fim.