A esperteza, a artimanha, o embuste e a armação são palavras presentes na descrição da índole e do comportamento da turma do Capetão e que, embora produzam efêmeros esgares de sucesso, quase sempre levam a tiros-no-próprio-pé e a fracassos e naufrágios retumbantes.
Por esses dias, por exemplo – na ânsia de gerar situação que tornasse obrigatória a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para perturbar o andamento da administração Lula com investigações sobre a participação da esquerda no Oito de Janeiro (algo parecido como procurar chifre em cabeça de coelho) -, mediante remuneração ainda não conhecida, a turma do Capetão conseguiu que a rede CNN exibisse reportagem baseada na edição truncada de registros da invasão do Palácio do Planalto, na qual aparece o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias aparentemente dando guarida e orientação a invasores golpistas.
Pronto! Estaria provada a cumplicidade do governo Lula com o Oito de Janeiro e, portanto, colocada a condição imperiosa para a realização da CPMI desejada pela extrema-direita do Congresso Nacional.
Mas, como de outras vezes, ao que parece, o tiro saiu pela culatra e o desfecho da farsa não será exatamente aquele desejado pelos bolsonaristas.
De fato, embora tenha provocado o afastamento do ministro da GSI, com base nos horários dos takes exibidos, ao contrário da versão produzida pelo conhecido jornalista bolsonarista Leandro Magalhães, o estudo da reportagem levada ao ar pela CNN deixou-o claro que o encontro do general GDias com os invasores ocorreu após o quebra-quebra (e, não antes, como a matéria quis fazer crer).
Como resultado concreto da manobra, além da demissão do apresentador do programa ‘CNN Arena’ Felipe Moura Brasil pela CNN, intrigado com o vazamento das imagens da invasão sobre as quais pesava a restrição de ‘material secreto’, o governo decidiu reformular o GSI, realizando uma completa e radical ‘desbolsonarização’ do gabinete através do afastamento de todos os simpatizantes de Jair Bolsonaro.
Mas, não foi apenas isso.
Obrigado a engolir a situação criada pela farsa, o governo Lula decidiu enfrentar a criação da CPMI e, com apoio do bloco parlamentar articulado pelo deputado Arthur Lira, deverá ocupar os principais lugares da comissão.
Agora, a julgar por aquilo dito da tribuna da Câmara dos Deputados pelo deputado Lindemberg Faria, ao contrário do desejo da bancada bolsonarista que só queria atrapalhar o governo, sob controle da bancada governista, a CPMI vai ampliar as investigações já em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Controladoria Gera da União (CGU) e Polícia Federal e aprofundar as investigações sobre os líderes políticos e financiadores da tentativa de golpe.
Aqueles que melhor conhecem meandros da atuação das forças golpistas dizem estar se aproximando o julgamento final dos parlamentares Flávio e Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli, Otoni de Paula, Bia Kicis, Luiz Bragança, Filipe Barros, André Fernandes, Sílvia Waiãpi, Clarissa Tércio e Nikolas Ferreira.
Os crimes contra a Democracia e contra o bem-estar social não podem ser tratados com condescendência.
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