Músicas compostas por Alexandre Santos
Aqui você pode conhecer algumas músicas compostas por Alexandre Santos.
quinta-feira, 21 de novembro de 2024 | 00:23
Mais resultados...
Aqui você pode conhecer algumas músicas compostas por Alexandre Santos.
Tema musical do poema G’Dausbbah.
Consta de quatro movimentos – Paz, Agonia, Esperança e Glória.
Arranjo digital do maestro Luciano Oliveira.
tempo de execução: 9 minutos e 20 segundos
Primeiro movimento do tema musical do poema G’Dausbbah.
Versão e arranjo digital do maestro Luciano Oliveira.
tempo de execução: 2 minutos e 58 segundos
Segundo movimento do tema musical do poema G’Dausbbah.
Versão e arranjo digital do maestro Luciano Oliveira.
tempo de execução: 2 minutos e 52 segundos
Terceiro movimento do tema musical do poema G’Dausbbah.
Versão e arranjo digital do maestro Luciano Oliveira.
tempo de execução: 4 minutos e 5 segundos
Quarto movimento do tema musical do poema G’Dausbbah.
Versão e arranjo digital do maestro Luciano Oliveira.
tempo de execução: 2 minutos e 33 segundos
Poema G’Dausbbah.
pela voz de Albuquerque Pereira.
tempo de execução: 9 minutos e 9 segundos
Alexandre Santos
O desejo de sangue
Depois de um breve descanso,
já refeita da peleja em que feriu e matou,
a besta acordou,
pronta para uma nova jornada de ódio, cobiça e ranço.
Olhos injetados,
Hálito sepulcral,
Couro rachado,
Voz infernal.
Queria espalhar dores e sofrimentos.
[queria] empestar o mundo com tristezas e tormentos.
[queria] sufocar a paz, estimular atritos.
[queria] semear a intriga, colher gritos.
Queria ouvir o lamento dos exilados.
[queria ouvir] o arfar dos mutilados.
[queria ouvir] o pranto dos vencidos.
[queria ouvir] o suspiro dos foragidos.
Queria esmagar a felicidade.
[queria] festejar a maldade.
[queria] regar a terra com o sangue fresco das crianças.
[queria] salpicar o vento com o cheiro acre das matanças.
Ao léu escolheu um alvo no qual pudesse despejar sua sanha.
Um lugar no qual pudesse agir impune, sem manha.
Um povo no qual pudesse seu ódio cravar.
Um momento no qual pudesse ferir, massacrar, matar.
Os preparativos da invasão
Convocou os senhores das guerras.
Bestas sempre ávidas por mais ouro e terras.
Determinou os horrores.
Cobrou suplícios e dores.
A guerra
Um sinal, um rufar, a máquina estúpida foi movida
Promessa de dor, desespero, alma ferida
A girândola macabra funcionou
A terra tremeu, o mundo mudou.
O ribombar dos canhões
O silvo diabólico dos aviões
A lava em brasa dos vulcões
A cadência mortal das legiões
O mal chegou.
Querendo riqueza, matou,
querendo poder, esfolou,
querendo prazer, torturou.
Por onde passou,
Um lamento ecoou.
Um rastro de angústia e ruína,
Violência, brutalidade e rapina.
A devastação
Onde deveria haver amor, cuspiu rancor.
Onde deveria haver alegria, plantou agonia.
Onde deveria haver luz, pintou escuridão.
Onde deveria haver flores, espalhou temores.
O que deveria exalar perfume, cheirava estrume.
O que deveria viver em festa, pranteava o luto.
O que deveria exibir fartura, rachava em pedras.
O que deveria estar em paz, se debatia em ódio.
Negando clemência aos deserdados,
Apontando lanças e dardos
A besta insuflou o ataque final
Até impor um silêncio mortal, a vida sem sal.
A ocupação
Em meio às trevas a besta exultou o mal.
Imaginou um mundo infernal,
De miséria universal,
Deserto sem igual.
Reino da mentira, desencanto, solidão.
Sombras, labaredas, tempestades, escuridão.
Cheiros e choros da dor sem fim.
Serpentes e dragões em maligno festim.
A reação
Mas o sol não se apagou
a paz das armas não vingou.
Um tênue facho brilhava na alma reprimida
Um fio de vida animava a carne ferida
Na procissão dos exilados, o desejo da volta.
Na vitrine dos mutilados, a rebeldia contida,
Na mesa dos vencidos, a lembrança da comida.
No medo dos foragidos, o germe da revolta.
Em cada gesto um aviso
Em cada olhar um sinal
Em cada toque, um convite
Em cada lamento, um desafio
E o povo de Deus se levantou
Lutou
Reagiu
Ressurgiu
Em cada casa, uma trincheira,
Em cada rua uma bandeira,
Em cada praça, uma batalha,
Em cada cidade uma fornalha.
A expulsão
O tempo passou.
A resistência cresceu.
quando pode, mordeu.
quando precisou, correu.
Avançou,
recuou.
Fustigou,
pressionou
Sob relâmpagos e trovões,
Anjos e santos, piratas e ladrões.
O fim de um tempo de enxofre, eclipse, clarões.
O fim de um tempo de pesadelos e visões.
Diante do sonho de liberdade, o homem se fez forte.
Diante do medo da liberdade, a besta temeu a morte.
Os anjos louvaram a vitória.
Os demônios escafederam-se na história.
O sol surgiu.
Um sorriso se abriu.
A música soou.
A festa começou.
Paz e Glória
Os mares borbulharam beijos.
Os campos brilharam estrelas.
O fogo ardeu paixões.
O céu espelhou encantos.
Onde havia rancor, brilhou o amor.
Onde havia escuridão, brotou luz.
Onde havia horrores, desabrochou flores.
Onde havia agonia, sorriu a alegria.
O que cheirava estrume, exalou perfume.
O que pranteava luto, viveu festa.
O que rachava em pedras, exibiu fartura.
O que se debatia em ódio, proclamou a paz.
E, enfim livre, o povo pode viver.
Em festa, desfrutou o fruto permitido.
Em paz, degustou o mel proibido.
Em gozo, saboreou a verdade escondida.
Milhões de asas, tontas de luz,
singraram o céu azul.
[Elas] comemoram o raiar do sol,
a chegada da paz,
vida sem rancor,
um mundo só de amor.
Recife, março de 2004.
Música composta em parceria com Isaac Sete Cordas
Letra de Alexandre Santos, Música e interpretação de Isaac Sete Cordas.
Alexandre Santos
Tempo de mar,
Terra de fogo,
Hora de amar,
Terra de fogo.
Tempo de arte,
Campo de sorte,
Hora de graça,
Terra de raça.
Hora de pinga,
Canto de ginga,
Tempo de missa,
Canto de bossa.
Tempo de medo,
Tempo de tudo.
Hora de vida,
Idade de festa.
Recife, 11 de maio de 2004
Música composta em parceria com Paulo Viola
Letra de Alexandre Santos, Música e interpretação de Paulo Viola. Arranjo de Marcos Souza.
Alexandre Santos
Alegrem-se. O vermelho está de volta.
Já é possível adiar a revolta.
Mais uma vez, esperança de ganhar a vida.
Nova chance de um prato de comida.
A turba avança.
Pouco na cabeça e nada na pança.
Na romaria dos deserdados, cegos e aleijados.
Correria de mendigos e desempregados.
Cada um no seu lugar.
Cada um na sua vez.
Cada qual com seu talento,
História e sofrimento.
O surdo-mudo mercador.
Corre contra o fluxo. Corre contra o tempo.
Flanela no retrovisor.
Cabide de choro e lamento.
Sem saber o que é infância,
a criança na janela fechada
confronta o prisioneiro da ignorância.
Sonha uma moeda. Uma lufada gelada.
Já cansado, com o corpo moído,
o menino-pedinte distribui o papel encardido.
‘Não roubo, nem cheiro cola’.
Mensagem clara a quem nada controla.
Surge um malabarista na ribalta.
Um mestre que faz girar bastões incandescentes.
Cena rápida que vai e volta.
Cena rápida do artista impaciente.
Sem aviso ou encomenda,
o rapaz tenta a prenda.
Um esguicho, um para-brisa.
O tostão que escandaliza.
A moça solta a propaganda.
Apartamentos com suíte e varanda.
Luta para sobreviver,
Sonho que nunca vai ter.
O ambulante sorridente.
Circula gentil e sedutor.
Fruta reluzente.
Duvidável qualidade e sabor.
O mendigo diabético.
Lento, cego e purulento.
Cético, torce por um gesto ético
do nojento que o faz violento.
Faina renhida de prêmio e castigo.
Indiferença de quem só vê o próprio umbigo.
Susto em quem trava a porta e ri.
Uma moeda aqui, outra ali.
O tempo se foi. Fim de jornada.
Um ronco. Volta à calçada.
Carros levam a vida.
Desemprego de quem não tem guarida.
Sem ocupação,
miseráveis voltam a pensar na revolução.
Mas, o vermelho voltará.
E tudo recomeçará.
Recife, 1º de agosto de 2005.
Música composta em parceria com Isaac Sete Cordas
Letra de Alexandre Santos, Música e interpretação de Isaac Sete Cordas.
Alexandre Santos
Bel, meu bem,
de quem tem e de quem não tem,
de quem vem e de quem não vem,
Princesa da noite e do vinho,
suor e espuma pelo caminho,
pastora de pássaros sem ninho.
Ousada,
molhada,
rasgada.
Musa de sol, sal e mel,
Vida livre, sem véu ou anel,
sem nada igual sob o céu.
Totalmente reformulada em 29 de dezembro de 2004.