Quando deu por si, há milhares de anos, o homem passou a manifestar as coisas que via, sentia e queria. Começou, então, a maravilhosa história da arte. Uns se manifestaram através de sons e exercitaram a música e a oratória; outros [se manifestaram] através de imagens e exercitaram as artes visuais (a pintura, a xilogravura, a caricatura, etc. e, mais recentemente, o cinema), outros através de movimentos e exercitaram a coreografia; outros através de gestos e exercitaram a mímica; outros através do ilusionismo e exercitaram a mágica; outros através das fragrâncias exercitaram a perfumaria; outros através dos sabores exercitaram a gastronomia; outros através das formas exercitaram a escultura e a modelagem em geral, outros através da encenação exercitaram a dramaturgia.
Cada um falou do mundo que via, sentia e queria com a linguagem mais adequada aos seus talentos e argumentos.
Da sua parte, fazendo uso da palavra escrita como linguagem da arte, os escritores passaram a exercitar a literatura.
Assim, desde as épocas primais, através das suas inúmeras linguagens, a arte vem servindo como instrumento de registro da história da Humanidade.
Registrar a história como ela foi ou poderia ter sido. Isto é o quê fazem os artistas. É isto o quê fazem os escritores, cuja pena usa e organiza palavras, não só para dizer como as coisas são, mas, também, [para dizer] como gostariam que elas fossem.
E, nesta perspectiva, sem as amarras que prendem os jornalistas e [sem] os compromissos assumidos pelos publicitários, os escritores exercem a arte das palavras contando com a liberdade poética para descrever o mundo dos seus sonhos.