À guisa de prefácio para livro homônimo, de Valquíria Imperiano
Ao contrário dos cientistas, os quais desejam melhor compreender o mundo (incluindo os seres e as forças da natureza), os artistas se ocupam em descreve-lo [descrever o mundo] e o fazem da forma como o veem, imaginam e desejam.
Por isso, no universo da arte tudo é possível, tendo como limite apenas o talento e a capacidade de sentir e sonhar de cada artista.
Embora alguns resistam à ideia, da mesma forma que há um cientista em cada curioso, há um artista em cada sonhador (como, em doses variáveis, todos somos curiosos e sonhadores, de alguma forma, somos todos cientistas e, também, artistas).
No campo da arte, em função de características – como aquelas referidas genericamente como ‘dom’ e ‘talento’ – e do menor ou maior desenvolvimento dos sentidos, as pessoas descrevem o mundo de diversos modos, dando lugar àquilo que os críticos chamam de ‘linguagens artísticas’.
Uns se dedicam ao falar, desenvolvendo formas de apresentação e de convencimento, praticando a Oratória. Outros se dedicam em reproduzir imagens e sentimentos, jogando com a visão e o imaginário das pessoas, e fazem a Pintura, a Fotografia, a Caligrafia e outras artes gráficas. Outros se dedicam à reprodução de cenas e fazem o Teatro, o Cinema e outras artes audiovisuais. Outros preferem se dedicar aos movimentos e fazem a Coreografia e as Artes Marciais. Outros têm mais facilidade em ‘falar’ através dos sons e fazem a Música. Outros preferem a comunicação através das formas e fazem a Escultura, a Modelagem (da qual decorre a Moda). Uns, ainda, descrevem o universo através dos números e fazem a Matemática. Outros tomam as fragrâncias e os cheiros como linguagem e fazem a Perfumaria. Outros falam através dos sabores e fazem a Culinária. Alguns falam através das palavras e fazem a Literatura.
Nos tempos mais recentes, inserido no campo da evolução tecnológica, alguns passaram a desenvolver formas de arte só possíveis pela combinação homem-computador.
Assim, neste embalo, as vezes sem querer ou perceber, impressionando, isolada ou conjuntamente, os sentidos e a mente, as pessoas fazem algum tipo de arte. Nesta perspectiva, de alguma forma todos são artistas.
Naturalmente, a qualidade da arte produzida vai depender de fatores como o gosto e nível de exigência daqueles que a desfrutam e, sobretudo, do talento daqueles que a produzem.
Na realidade, são poucas as pessoas que se destacam no mundo das artes.
Entre elas, está Valquíria Imperiano, que, em meio à falta de tempo crônica por conta da promoção cultural a que se dedica com afinco, consegue criar momentos para a produção artística. Aliás, convivendo com a produtora cultural responsável pelo Institut Cultive Suisse Brésil, pela Editions Cultive, revistas Cultive e ArtPlus em Genebra e grandes eventos na Europa e no Brasil, está a multiartista Valquíria Imperiano – artista plástica e escritora premiada com nove livros publicados e participação em diversas antologias e revistas. Com passagens por todos os gêneros literários, a escritora Valquíria Imperiano ganha destaque na vasta seara da poesia, na qual circula com vários livros, inclusive ‘Neve em busca de sol’ – uma pequena obra prima apresentada em português e francês, que valoriza a linguagem simbólica para tratar temas como o amor, a saudade e outros sentimentos por ela vividos ao longo da vida. No dizer da própria autora, os poemas apresentados em ‘Neve em busca de sol’ traduzem “a expiriência de vida de uma mulher, … a evolução do pensamento de adolescente até adulta” e acrescenta que “a mulher observadora retira da natureza ensinamentos que fazem um paralelismo entre o que é ser humano, o que é evoluir”, levando a pensar sobre “pensamentos que procuram o calor com o objetivo de sair da obscuridade e ennxergar a luz advinda do conhecimento, da evolução e do crescimento como ser humano”.
‘Neve em busca de sol’ é livro para se ler e reler várias vezes.
(*) O escritor Alexandre Santos é ex-presidente da União Brasileira de Escritores, coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural e diretor-geral do Canal Arte Agora