Em fenômeno que, diga-se de passagem, recebeu grande impulso durante os preparativos do golpe de 2016 e cresceu no governo de Jair Bolsonaro, a sociedade brasileira está muito dividida.
De um lado estão os egoístas, do outro estão os solidários.
De um lado estão os religiosos (de todas os credos), do outro estão os neopentecostais.
De um lado estão os democratas, do outro estão o fascistas e fascistóides.
De um lado estão os humanistas, do outro estão os capitalistas.
De um lado, estão os progressistas, do outro estão os reacionários.
De um lado estão os patriotas, do outro estão os entreguistas.
De um lado estão os altivos, do outro estão os lambe-botas,
De um lado estão os gentis, do outro estão os grosseiros.
A cada característica positiva, corresponde uma [característica] negativa.
O mais interessante nisso é que, na maioria das vezes, em bloco, as características contrapostas estão presentes nas mesmas pessoas, diferenciando-as e inserindo-as, conforme o caso, no campo político da Direita ou da Esquerda.
Assim, se contrapondo às pessoas que estão na banda Esquerda (mascadas pelas características inversamente recíprocas) estão pessoas que são, ao mesmo tempo, egoístas, capitalistas, conservadoras, reacionárias, fascistas e fascistóides, lambe-botas, grosseiras, entreguistas e calhordas (vale destacar que os agrupamentos são permeáveis e admitem uma ou outra exceção).
Este fenômeno sociológico ajuda a explicar muita coisa.
Veja, por exemplo, o caso do governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro, um neopentecostal da extrema-direita que reúne todas as características marcantes do seu agrupamento, sendo, ao mesmo tempo, egoísta, conservador, reacionário, fascista, entreguista, lambe-botas, grosseiro e, ainda por cima, burro.
Não causou surpresa quando, nos últimos dias, pouco depois da chacina por ele comandada nas comunidades do Alemão e da Penha, veio à tona que, cumprindo a receita escrita pelo lambe-botas entreguista Eduardo Bolsonaro, em correspondência formal à Casa Branca, Cláudio Castro enviou o relatório intitulado ‘Análise Estratégica: Inclusão do Comando Vermelho nas listas de sanções e designações dos EUA’, sugerindo que a facção criminosa Comando Vermelho (CV) seja considerado uma ‘organização narcoterrorista’ – uma providência que, com o nítido objetivo de submeter o País ao Tio Sam, abriria caminho para a equiparação do Brasil a países como Irã, Venezuela, Coreia do Norte, Cuba e tantos outros, para justificar a ação de organismos internacionais, como a Interpol, DEA e FBI no Brasil sob a desculpa do ‘combate a redes de tráfico de drogas e armas’.
Naturalmente, assim como fez com o lesa-pátria Eduardo Bolsonaro, a banda altiva e patriota está atenta e, de pronto, reagiu contra o entreguismo desse pessoal, fazendo uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Cláudio Castro por ‘traição e atentado contra a soberania nacional’.
Quem possui as características daquele pessoal está sempre aprontando alguma.
Aliás, como representam perigo, precisam estar sempre acompanhados na rédea curta.
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