A situação é de lógica surreal.
Semana passada, sob a desculpa esfarrapada de cumprir mandados judiciais contra bandidos da facção criminosa Comando Vermelho (CV), dizendo esperar tornar o Rio de Janeiro mais seguro, o governador Cláudio Castro transformou as Comunidades da Penha e do Alemão em praça de guerra, insuflando 2.500 homens fortemente armados em ação que redundou na morte de 121 pessoas.
Vale dizer que, apesar da mortandade, a estrutura financeira do CV não foi afetada e, conforme esperado pelos mais lúcidos, não houve qualquer melhoria na sensação de insegurança experimentada pela população.
Pois bem.
Hoje, uma semana depois da mortandade, como se não tivesse acontecido nada, o Rio de Janeiro recebeu o príncipe William, primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, para cumprir densa agenda – eventos ligados à pauta ambiental, incluindo uma visita ao Pão de Açúcar – antes de seguir para Belém, onde representará o rei Charles III na COP-30. Como ocorre com a visitas ilustres, o prefeito Eduardo Paes ‘entregou as chaves da cidade’ ao herdeiro da Coroa britânica, o qual, além de demonstrar interesse na geografia do Rio (citou a convivência da cidade com a floresta), quis saber sobre segurança pública e a situação das favelas.
Se tivesse chegado uma semana antes, o prefeito poderia levar o príncipe para conhecer o complexo do Alemão e da Penha, onde poderia experimentar um pouco da emoção.
Para quem não conhece a situação ou conhece apenas parte dela, o Rio de Janeiro continua lindo.
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