Como primeira consequência pública da ‘química’ despertada no rápido encontro acontecido por ocasião da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, marcando o início de um relacionamento pessoal e com a promessa de futuros encontros presenciais no Brasil e nos Estados Unidos, ontem os presidentes Lula e Donald Trump tiveram uma longa conversa por videoconferência.
Uma videoconferência não seria nada demais se não envolvesse, de um lado, Lula – único presidente que, na defesa da Democracia e da soberania nacional, abertamente confrontou os Estados Unidos, ameaçando-o, inclusive, com ‘medida de reciprocidade – e, de outro [lado], Donald Trump – o presidente estadunidense que, se achando, talvez, dono do mundo, agredira o Brasil com medidas absurdas (tarifaço de 50% sobre as exportações, punições a autoridades brasileiras e retórica diplomática de guerra).
Aliás, voltando a demonstrar ser um exímio negociador, sem arredar um milimetro na defesa da democracia e da soberania nacional e nunca cair na tentação de revidar pessoalmente as provocações, Lula suportou todos os insultos e cresceu mais ainda diante do mundo como grande Estadista (que, de fato, é).
Não se sabe detalhes da tal videoconferência, cujos preparativos foram tratados como ‘segredo de Estado e, do lado brasileiro, foi testemunhado apenas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelos ministros Mauro Vieira, Sidônio Palmeira e Fernando Haddad e, ainda, pelo assessor especial Celso Amorim.
Sabe-se apenas que, nos termos da ‘química surgida entre os dois’, ocorreu em clima de grande cordialidade, que Lula pediu a suspensão do tarifaço e das punições aplicadas a autoridades brasileiras e que, após se declararem dispostos a aprofundar as negociações entre os dois países (Trump indicou o secretário de Estado Marco Rubio para liderar as negociações pelo lado estadunidense) e se prometerem futuros encontros presenciais, Lula e Donald Trump trocaram os telefones pessoais.
Este encontro remoto de 30 minutos já produziu muitas consequências, entre as quais a queda do dólar frente ao real, aumento das encomendas da soja brasileira pela China e o avanço incontrolável do desespero nos líderes bolsonaristas.
Aliás, ao tempo que, em Brasília, como noiva abandonada no altar, lembrando o ‘I love you’ jurado ao presidente dos Estados Unidos, às lágrimas, Jair Bolsonaro se perguntava ‘o que Lula tem que eu não tenho?’, em Washington, Eduardo Bolsonaro insistia em produzir discursos para as bolhas de desinformação e usava as redes sociais para dizer que ‘confiava no espírito norte-americano e que, como estrategista, Donald Trump protagonizara uma farsa para pegar Lula distraído’….
A química está no ar.
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