Naquilo que diz respeito ao grande público, o funcionamento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos Golpistas (CPMI do Oito de Janeiro) começa hoje, com a oitiva de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que, embora tenha comandado operações ilegais com objetivo de beneficiar Jair Bolsonaro em 30 de outubro de 2022, comparece apenas na condição de testemunha (e não de investigado).
Para quem não lembra, com base nos mapas de votação preparados pelo então ministro da justiça Anderson Torres, mesmo sabendo que cometia uma ilegalidade, com claro objetivo de atrapalhar a votação, Silvinei Vasques comandou um amplo programa de fiscalização rodoviária no dia do 2º turno das eleições presidenciais nas regiões favoráveis à Lula.
Não há dúvidas sobre o caráter golpista de Silvinei Vasques.
Mas, quem é Silvinei Vasques?
Ex-diretor-geral da PRF nos tempos de Jair Bolsonaro graças ao patrocínio do senador Flávio Bolsonaro, Silvinei Vasques é um velho bandido, cuja carreira criminosa desconhecida pelo público graças a um daqueles ‘sigilos de 100 anos’ começou ainda em 1997 – na época, ainda no período de estágio probatório na carreira pública federal, Silvinei Vasques cobrou propina de uma empresa de guincho interessada em trabalhar nas rodovias federais da região de Joinville.
Silvinei Vasques é Investigado por ‘facilitar’ bloqueios de estradas mediante suborno, promover extorsão por ameaça de morte, espancamento, abuso de autoridade, ‘má conduta’ e muitas outras coisas (em 2009, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia sobre alguns dos seus crimes, que prescreveram anos mais tarde sem que a Justiça o levasse as barras dos tribunais).
O bicho é tão perigoso que, sob o risco de perder o cargo (o que, de fato, aconteceu no governo Lula), o corregedor da PRF Wendel Benevides Matos manteve a omertá e não comunicou à Controladoria Geral da União as 23 denúncias que pesam contra ele.
Além disso, somada à suspeita de ‘omissão e inércia’ no caso dos bloqueios rodoviários feitos pelos bolsonaristas inconformados com o resultado da eleição, Silvinei Vasques responde a outros oito processos disciplinares e tem uma condenação por agressão a um frentista de posto de gasolina (que não quis pagar-lhe a bola desejada).
Assim como fez Jair Bolsonaro com a administração federal, de tão mau elemento, Silvinei Vasques contaminou a PRF, que, durante sua gestão, descambou para o crime – em junho de 2021, uma operação conjunta com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a PRF saiu das estradas federais (sua jurisdição), subiu até a Vila Cruzeiro e matou 23 pessoas; em outubro de 2021, a PRF realizou uma operação em Varginha e matou outros 26 homens (matou até gente dormindo); em maio de 2022, em episódio em Umbaúba (SE) visto por todo o País, inspetores da PRF transformaram uma viatura em câmara de gás e, após torturar o deficiente mental Gevanildo de Jesus Santos, o executaram por asfixia.
Esperto, pouco depois da proclamação da vitória de Lula, já na condição de ex-diretor-geral, Silvinei Vasques aproveitou a brechas na lei para se aposentador da Polícia Rodoviária Federal e, rápido no gatilho, pediu emprego na empresa Combat Armor Defense do Brasil, uma empresa fornecedora de blindados com a qual mantinha antiga relação promíscua desde o dia que assumiu a direção máxima do órgão.
Assim, como todos os membros da corja que sustentou o governo Bolsonaro, Silvinei Vasques é bandido golpista e merece todo o rigor previsto em lei.
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