Tudo (ou quase tudo) que se diz sobre o controle da Palavra como instrumento de conquista e de poder se aplica à História.
Da mesma forma que ‘quem controla a Palavra controla o passado, o presente e o futuro’, quem ‘controla a História’ também controla o passado, o presente e o futuro. Daí o afinco como os poderosos tanto se empenharem em controlar o sistema de comunicação social e de registro dos fatos.
Na realidade, ‘controlar a História’ significa controlar a forma de relato dos acontecimentos para modular a opinião pública [com a versão mais conveniente aos próprios seus interesses].
Assim, a versão conhecida da História reflete a narrativa e o ponto de vista dos poderosos (das classe dominante ou da parte vencedora dos embates).
Observe, por exemplo, que, quando o assunto é Criminosos da II Guerra Mundial, prontamente vem à tona o nome de Adolf Hitler. Se a Alemanha tivesse vencido [a II GG], no entanto, ao falar sobre o assunto, as pessoas lembrariam não de Hitler (que, então, estaria endeusado como Herói), mas [lembrariam] do primeiro-ministro britânico Winston Churchill (que, sem qualquer necessidade, ordenou a destruição de Dresden, provocando a morte de 40.000 civis alemães) e do presidente norte-americano Harry Truman (que, igualmente sem necessidade, determinou o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagazaki, assassinando mais de 100 mil civis japoneses).
Como as pessoas não testemunharam o passado, [elas] aceitam como ‘fato histórico’ aquilo que lhes foi contado.
Assim, do ponto de vista objetivo, é possível alterar o passado, bastando, para isso, consagrar outra versão dos fatos perante opinião pública.
É exatamente isso que acontece quando se faz uma ‘releitura’ dos acontecimentos. Neste caso, a História é ajustada a novos interesses, modificando, inclusive, a índole de personagens, que, conforme o caso, podem migrar da condição de vilão para a [condição] de herói (e vice-versa).
Evidentemente, não é apenas o passado que pode ser modificado.
A depender da forma como o fato é noticiado, o presente também pode ser modificado [perante a opinião pública]. Lembre daquilo que aconteceu recentemente com o Iraque. Na ocasião, de tanto martelar a opinião pública com a versão de que o governo de Saddam Houssein possuía (e pretendia usar) Armas de Destruição em Massa (ADM), os Estados Unidos obtiveram o respaldo mundial para invadir e ocupar o país.
A História está sempre sujeita à manipulações e, portanto, permanentemente à serviço daqueles que a escrevem. Isto vale para o passado e, também, para o presente.
É nesta perspectiva que se deve compreender s chamada ‘verdade histórica’. Ou, em outras palavras, a ‘verdade histórica’ pode mudar em função dos interesses de quem a registra e, portanto, nunca se deve como definitivas as coisas que nos são contadas.
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