A Democracia vem sendo agredida de forma violenta desde o nascedouro na Grécia – quando, à despeito de ser, por definição, o ‘governo do Povo’, negava participação às mulheres e aos escravos.
Depois, em progressiva descaraterização, mantendo o charme do nome encantador, a Democracia foi deixando de ser o ‘governo do Povo’ (e, como bem disse Abraham Lincoln no famoso Discurso de Gettysburg, ‘pelo Povo e para o Povo’), para se converter naquilo que se chama ‘Democracia representativa’ e, finalmente, deixar de ser uma forma de governo para se converter em mero método de escolha de governo.
De fato, de uns tempos para cá, sem qualquer preocupação em formar um ‘governo do Povo, pelo Povo e para o Povo’, as considerações sobre democracia avaliam apenas o modo como o governo é escolhido, perguntando se [ele] decorreu de ‘eleições democráticas’ (um conceito difuso e impreciso).
Naturalmente, não satisfeito com as deformações já impostas à ‘Democracia’, os espertalhões costumam fraudar os pleitos para chegar ao governo e dizerem-se frutos de ‘eleições democráticas’.
Por tudo isto, a honestidade intelectual aponta a necessidade de ampla revisão nos processos, de modo a corrigir os descaminhos e aperfeiçoar a prática politica, restaurando a Democracia em sua plenitude pela adoção da Democracia popular – uma forma de governo do Povo, pelo Povo e para o Povo, com ampla participação de todos, sem restrições de quaisquer espécies.
Infelizmente, longe de a Humanidade seguir nesta direção, a prática política indica que o caminho trilhado é antípoda e tende a desmoralizar completamente a Democracia.
De fato, sem qualquer interesse de aperfeiçoar o conceito [de Democracia] atualmente praticado, observa-se a progressiva desqualificação das eleições, não apenas pela atitude de candidatos (que fazem da mentira e do embuste instrumentos regulares de campanha), mas, também, pelo desinteresse e despreparo do eleitor.
Esta situação leva à eleição de políticos completamente alheios às vontades do eleitor e aos requisitos para a realização do bem-estar comum.
Veja, por exemplo, as recentes pesquisas de intenção de voto para a eleição do prefeito de São Paulo, maior cidade do Brasil, que colocam o candidato Pablo Marçal – um bandido condenado pela justiça brasileira e notório espertalhão – na segunda posição entre os mais preferidos.
Neste caso, há a perfeita correspondência entre um candidato completamente desqualificado e um eleitorado completamente despreparado.
Que resultado se pode esperar de uma eleição realizada nestas bases?
Se não funciona como forma de governo e não funciona como método de escolha de governo, para que serve a Democracia?
Se a sociedade não reagir rapidamente e restaurar o primado do significado de Democracia, em pouco tempo ela [a Democracia] perderá a razão de ser e qualquer coisa será possível.
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