Todos sabem que, ao contrário daquilo que muitos pensam, a Lei não tem o objetivo de buscar a Justiça. Na realidade, em princípio, ela [a lei] tem o propósito de exercer o controle social e, no fundo, visa preservar o interesse dos mais fortes.
Naturalmente, no vai-e-vem das conjunturas políticas e econômicas, há alternância na posição de ‘os mais poderosos’ e, costumeiramente, grupos se revezam no topo da pirâmide.
Aliás, a velha frase ‘decisão de juíz não se discute, se cumpre’ carrega em si um pouco da certeza de que, um dia, a elite eventualmente prejudicada hoje, poderá não o ser amanhã, ganhando, inclusive, a chance de recobrar prejuízos amargados no passado. Isto vale para todos, menos para Bolsonaro e sua patota, que, adstritos à extrema-direita, sabem perfeitamente nunca terem constituído uma elite, nem no passado, nem hoje, nem nunca.
Esta condição explica a ânsia como os bolsonaristas se aplicaram de forma tão apaixonada em aproveitar a chance de desfrutar, sugar e se beneficiar das benesses e regalias do poder, se locupletando dos cargos e patrimônio público – como se viu, com clareza, no caso das jóias árabes, nas propinas recebidas na compra de vacinas e nas privatizações, no caso dos móveis do Palácio do Planalto, no assassinato da carpas imperiais para a coleta das moedinhas jogadas pelos turistas no lago residencial, etc. etc. etc.
Infelizmente, contrariando as expectativas da sociedade, o vendaval Bolsonaro não se acabou e ainda vai perdurar algum tempo, pois, com a cumplicidade de bolsonaristas de todos os escalões, até a velha regra segundo a qual ‘decisão judicial não se discute, …’ está sendo violada e a Lei [está sendo] modificada para manter o oba-oba.
Aliás, por estes dias, dando provas da má-intenção como sempre os bolsonaristas trataram o poder, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas sancionou lei que – com o fito de livrar Bolsonaro de multas no valor de quase R$ 1 milhão a ele aplicadas por não usar máscaras – concede anistia às penalidades aplicadas em função de violações das regras sanitárias durante a pandemia.
Esta ‘anistia’ burla o espírito da Lei e, no fundo, funciona como a impunidade que estimula o Crime. Este é o sentimento nutrido pela bolsonada em relação ao significado da Lei. Ela [a Lei] não visa buscar Justiça, nem Controle social, visa, apenas, legalizar o comportamento (certo ou errado) dos líderes bolsonaristas.
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