SOBRE A DESONESTIDADE INTELECTUAL DOS ‘LIBERAIS’ BRASILEIROS, QUE ACOLHEM O LUCRO SEM RISCO, COMENTANDO A MANUTENÇÃO DA BANDEIRA DE ESCASSEZ HÍDRICA NAS CONTAS DE ENERGIA
Se engana quem confunde liberalismo com capitalismo. O capitalista é quem coloca o Capital (e não a Liberdade) acima de tudo. Na dinâmica do capitalismo vale tudo: desde a pura e simples pirataria até o comércio regular, passando pelas diversas formas de manipulação da economia, inclusive aquelas que permitem o lucro sem risco. Ora, o risco é a única justificativa para a existência do lucro. Lucro sem risco não é lucro, é roubo. Pois bem. No Brasil, com a cumplicidade (apoio, estímulo e proteção) do governo, atividades lucrativas isentas de risco vêm ampliando sua participação no panorama dos negócios. Veja, por exemplo, aquilo que ocorre no setor elétrico, onde sugiram termelétricas privadas para suprir o abastecimento de energia durante a crise hídrica. Na época, os consumidores passaram a pagar taxas extraordinárias para custear os serviços das tais termelétricas. Acontece que a crise hídrica passou, tornando-as [as termelétricas] desnecessárias. Apesar disso, mesmo sem que as termelétricas estejam funcionando, em triste episódio de ‘lucro sem risco’, o governo continua pagando aos seus proprietários. De onde vem o dinheiro para este pagamento? Ora, do bolso dos consumidores. Este é o significado da manutenção da chamada ‘bandeira de Escassez Hídrica’ (mesmo em tempos de normalidade hídrica), que adiciona nas contas de energia R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. Nos fazer pagar o lucro de quem não corre risco é o cúmulo da desonestidade intelectual de quem se diz Liberal.