Quis o destino que a atual guerra no Oriente Médio começasse justamente durante o mandato do Brasil na presidência do Conselho de Segurança da ONU – uma condição que, caso o Conselho (e a própria ONU) tivessem alguma eficácia, seria extremamente conveniente para a retomada da paz possível àquela região.
Mas, infelizmente, não é assim.
De fato, ao tempo que, já nos primeiros momentos do conflito, em claríssima preocupação com a situação, deu início a um processo de repatriação dos cidadãos brasileiros colhidos pela guerra – tanto em Israel como na Faixa de Gaza – o governo Lula orientou a diplomacia brasileira a buscar uma Resolução no Conselho de Segurança capaz de proporcionar alguma segurança às populações civis, especialmente mulheres e crianças, e de criar corredores humanitários por onde as pessoas pudessem fugir da violência.
A boa vontade de Lula, no entanto, esbarrou, não só na determinação genocida do governo de Israel (que vem impedindo a saída dos cidadãos brasileiros retidos na Faixa de Gaza), como, também, [esbarrou] no gosto por sangue dos Estados Unidos.
Com efeito, ontem, depois de conseguir o apoio das representações da China, França, Albânia, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes Unidos e, ainda, da Rússia e do Reino Unido (que se abstiveram – uma forma de não votar contra), o Brasil teve a proposta barrada pelos Estados Unidos, que usaram seu poder de veto no Conselho de Segurança para manter a carnificina contra o Povo palestino.
Se, de um lado, ao inviabilizar a Resolução pacificadora no Conselho de Segurança, os Estados Unidos assumiram o custo político do sangue que empapa a Faixa de Gaza e [o custo político] do genocídio cometido por Israel, por outro [lado] confirma a posição externada por Lula da necessidade de reformas urgentes na ONU – que não pode ficar sujeita à vontade dos países vencedores da II Guerra Mundial.
A ONU não pode continuar da forma como está. A inexistência de um mecanismo internacional, respeitável e respeitado, capaz de reger a convivência dos povos e dos países segundo um ordenamento aceito por todos é uma das principais razões dos conflitos em curso no Planeta.
O sangue que vem correndo pelo mundo não é compatível com o nível de desenvolvimento que a Humanidade julga ter.
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