Na guerra das palavras – uma importante faceta dos conflitos -, os termos ‘terrorista’ e ‘terrorismo’ ocupam uma posição de destaque no glossário usado pelos Estados Unidos (e pelos países que seguem a sua liderança) para classificar os inimigos e a forma como eles agem.
É nesta perspectiva que, sem quaisquer outras considerações, de forma quase automática, o grupo islâmico Hamas vem sendo referido como um ‘grupo terrorista’ e seu ataque ao território israelense no sábado, dia 07 de outubro de 2023, taxado de ‘terrorismo’.
Mas, neste conflito, o Hamas (e os demais grupos palestinos e islâmicos) agem como ‘grupo terrorista’?
Evidentemente, por absoluta necessidade em função do desequilíbrio bélico, os grupos palestinos não atuam como fazem os exércitos regulares e lançam mão de instrumentos da guerra de guerrilha. Isto não os fazem ‘grupos terroristas’, dizendo apenas que, do ponto de vista bélico, enfrentam inimigo muito melhor aparelhado.
Aliás, se o campo de observação for ampliado, começam a emergir dúvidas sobre quem, de fato, é terrorista.
Se, por exemplo, observarmos as características do ataque aéreo ao aeroporto de Bagdá, que, em 02 de janeiro de 2020, matou o general iraniano Qasem Soleimani, comandante da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã, concluiremos que os Estados Unidos é um país terrorista.
Se, por exemplo, observarmos a decisão de lacrar poços e mananciais de água potável com concreto, em 27 de julho de 2023, para impedir o abastecimento de vilas palestinas, concluiremos que Israel é um país terrorista.
Será que agora, em retaliação ao ataque militar do Hamas, a decisão de Israel de impor um bloqueio total a Gaza, impedindo que seus 2 milhões de habitantes tenham acesso à eletricidade, gás, comida e até água, não é terrorismo puro?
Aliás, o revide desproporcional prometido pelo governo de Israel ao Hamas provavelmente vai suscitar operações de vingança e, em pouco tempo, terão sido cometidas tantas atrocidades que a discussão sobre quem é terrorista vai ser irrelevante.
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