Embora seja torcedor do Náutico, não acompanho o noticiário esportivo. Ouço uma resenha ou outra para não ficar completamente alienado do assunto e confesso ficar impressionado com a paixão como o assunto é tratado.
Não me refiro aos times, pois, como sabemos, coração de torcedor é naturalmente apaixonado.
Me refiro a naturalidade como os técnicos (que, normalmente, encontram plantéis prontos) são responsabilizados, julgados e condenados pelas eventuais derrotas [dos times]. Aos técnicos não são dados quaisquer direitos, nem mesmo o [direito] de espernear.
Imagine que, por estes dias, insatisfeito com os resultados, sem qualquer preocupação com sua situação pessoal, exercendo o frio direito de ‘empregador’, a diretoria do Náutico demitiu sumariamente o técnico Roberto Fernandes (eu quase escrevia ‘Alberto Fernandes’), jogando-o nas estatísticas dos desempregados. Voz alguma se ergueu em defesa do novo desempregado.
Ao mesmo tempo, tendo achado emprego melhor, o técnico Lisca pediu demissão do Sport.
Foi um ‘Deus nos acuda’. Aí, em comportamento completamente diferente daquele que teve na demissão do Roberto Fernandes, juntamente com a imprensa especializada, a direção e a torcida caíram de pau na cabeça do Lisca, como se ele tivesse cometido a maior das traições.
Um caso típico de dois pesos e duas medidas.
O mais interessante estava por vir: na relação dos nomes favoritos para substituir o Lisca se destacou o técnico Guto Ferreira, que não aceitou conversar com o Sport até a liquidação da dívida de R$ 1,2 milhão referente a salários não pagos numa temporada anterior.
Ou seja, o técnico de futebol é demitido quando o time perde, não pode trocar de time por melhores condições e, ainda por cima, não recebe os salários. Que emprego danado…
Alexandre Santos também pode ser acompanhado em youtube.com/c/ArteAgora