Não gosto de FHC, mas devo reconhecer que em pelo menos uma coisa ele acertou: a criação do ministério da Defesa, aglutinando, numa única pasta os antigos ministérios da Marinha, de Exército e da Aeronáutica e, mais ainda, entregando-o comando da pasta a um civil. Afinal de contas, o que é a guerra se não o último recurso da diplomacia.
Pois bem. Desde aquela época, ao tempo que o Brasil evoluía (especialmente nos governos de Lula e Dilma Rousseff), pouco se ouvia falar no ministério da Defesa e parecia que os militares tinham igualmente evoluído, concentrando a sua ação às chamadas missões de paz, cursos e treinamentos. Ledo engano.
Bastou surgir uma oportunidade que a veia golpista pulsou mais forte, mobilizando vontades e despertando sonhos de poder. Por mais estranho que possa parecer, o primeiro episódio (no pós redemocratização) da natureza truculenta dos militares aconteceu lá atrás, justamente no final do regime militar, quando, pondo fim às incerteza criadas pela morte de Tancredo Neves, o general Leônidas Pires Gonçalves falou grosso para dar posse a José Sarney (que era ‘vice’ de alguém que, por não ter tomado posse, era nada ainda). Mas o gosto pelo golpe pelos militares ganhou destaque em 2016, quando o golpe contra Dilma Rousseff só foi possível pela conivência das FFAA. Esta inclinação golpista voltou à tona pouco depois com o famoso Tuiter do general Vilas Boas, cujo propósito foi barrar a possibilidade de Lula disputar (e, seguramente, vencer as eleições de 2018).
Veio, então, o governo do Capetão Bolsonaro e, com ele, os militares voltaram ao poder. Acontece que o Povo quer Lula de volta e não há como impedir isto pelas vias democráticas. E, como acontece de vez em quando, a julgar pelos frequentes espasmos, o germe golpista parece ter voltado a contaminar generais do Exército brasileiro.
Agora, por exemplo (PASME!), o general ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira comunicou ao STF e ao TSE que as FFAA querem acompanhar a apuração das eleições deste ano. Uma atitude golpista e, sobretudo, ridícula. O que as FFAA têm a ver com eleições? Se os generais acham que, para distrair as tropas, precisam inventar coisas para fazer, que tal melhor preparar os recrutas para a vida civil e, ao mesmo tempo, pressionar o comandante-em-chefe por meios para a formação, aperfeiçoamento e aparelhamento das forças armadas?
Uma coisa é certa: LUGAR DE MILICO É NA CASERNA.