Às vezes, mergulhados na leitura de um texto, seguimos o enredo proposto pelo autor e não atinamos que, independentemente do nível de protagonismo exercido, todos os personagens têm a sua própria história, cujo encanto e interesse dependem da forma como, eventualmente, ela [a história] for contada. É nesta perspectiva que se coloca ‘O sangue de Dona Gertrudes’ – uma novela que deriva do romance ‘Maldição e fé’, de minha autoria, lançado em 2011. De fato, ambientado na mesma Olinda de ‘Maldição e fé’, aquela dos anos imediatamente anteriores a invasão holandesa, ‘O sangue de Dona Gertrudes’ toma alguns dos seus personagens por empréstimo para contar histórias fascinantes.
A novela consta de três pequenos capítulos – A promessa, Fogo em Olinda e A devoção de Dona Gertrudes – que podem ser lidos na ordem desejada pelo leitor, pois, isoladamente, os capítulosapresentam estrutura completa, com começo, meio e fim, possibilitando desfrute integral de cada um deles. Naturalmente, os capítulos se oferecem à leitura conjunta com a promessa de oferecer uma visão panorâmica do contexto histórico, econômico, político e social que deu suporte aos episódios neles retratados. Vale dizer que, embora recorra a personagens e cenários do romance ‘Maldição e fé’ e, de alguma forma, coleie a ambiência geral do texto-mãe, o enredo de ‘O sangue de Dona Gertrudes’ segue roteiro próprio, podendo ser desfrutado de forma autônoma, sem qualquer prejuizo para a compreensão dos escritos.
Como aviso aos puritanos, deve-se alertar que a história contada em ‘O sangue de Dona Gertrudes’ não é sanguinária ou sanguinolenta. Em todo o enredo não pinga uma única gota de sangue. O título faz menção à genética herdada e deixada como herança por Dona Gertrudes, mulher possuidora de suave furor uterino, cujo gosto pelas coisas da carne a fez marcar época no território que tomou para si.
Ao contrário do texto-mãe – que cumpriu o propósito de denunciar, não só a hipocrisia da Santa Inquisição e os padrões morais seguidos pela aristocracia que se formava em Olinda no início do século XVII, mas, também, [de denunciar] a forma como a História dos povos é registrada -, ‘O sangue de Dona Gertrudes’ é uma comédia cujo objetivo é proporcionar entretenimento aos leitores. De fato, inserido no vasto campo da escrita criativa, ‘O sangue de Dona Gertrudes’ é uma pequena obra de ficção, sendo inapropriada para ilações de cunho político ou econômico ou sobre a identidade de eventuais fontes inspiradoras. Assim como fez o autor ao escrevê-la, o leitor deve ter ‘O sangue de Dona Gertrudes’ apenas como objeto de distração. Só isso.
O texto completo de ‘O sangue de Dona Gertrudes’ pode ser acessado através da HomePage www.alexandresanttos.com.br