SE FOSSE JULGADO PELO CONJUNTO DA OBRA, O MARRECO DE MARINGÁ SERIA CONDENADO À PRISÃO
Por estes dias, cumpridos os detalhes finais do rito jurídico, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) vai julgar o processo que acusa o ainda senador Sérgio Moro de ter praticado ‘abuso do poder econômico’ nas últimas eleições.
O parecer da procuradoria eleitoral do Paraná recomenda a cassação e, segundo observadores experientes, deve ser acompanhado pela maioria do pleno do TRE-PR.
Em resumo: em poucos dias, o Senado estará livre de uma das personalidades mais execráveis que já atuaram na política brasileira.
Para quem não lembra, em trajetória pontuada de nódoas de imoralidades, ilegalidades e desonestidades, a carreira de Sérgio Moro começou lá atrás, ainda nos anos 90, quando exerceu papel fundamental no Caso Banestado, um dos maiores casos de corrupção já acontecidos no Brasil.
Depois, fazendo uma besteira aqui, uma sacanagem ali, Sérgio Moro ressurgiu em 2014, quando, à frente da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, juntamente com o procurador Deltan Dallagnol e outros bandidos, deram corpo à operação LavaJato e, transbordando um poder putrefato por todos os poros, instalaram a chamada ‘República de Curitiba’ – responsável pelo maior esforço de desmonte politico e econômico do Brasil, assassinando reputações, tentando a destruição da Petrobrás e da engenharia pesada do País, pavimentando o golpe de 2016 e atuando decisivamente para a renovação do golpe em 2018 (quando, vítima de Lawfare, Lula foi preso e impedido de participar das eleições), sendo responsável pela quebra de mais de um milhão de empresas e supressão de mais de dez milhões de empregos.
Da LavaJato, em reconhecimento ao papel chave na eleição de Jair Bolsonaro, Moro pulou para o ministério da Justiça e Segurança Pública, de onde esperava ser alçado ao Supremo Tribunal Federal.
As coisas não caminharam como Sérgio Moro esperava e, no curso de um rumoroso imbróglio com o próprio Bolsonaro, saiu do governo.
Foi, então, picado pela mosca azul e, sonhando com a presidência da república, aceitou convite do então senador Álvaro Dias e ingressou no PODEMOS – sigla que, apostando na sua força eleitoral, o anunciou como candidato presidencial, despejando rios de dinheiro na sua campanha.
A escada social e política usada por Sérgio Moro ainda tinha degraus e, vendo as chances mostradas pelo deputado Luciano Bivar (um grande empresário que sempre soube comprar as coisas desejadas), no apagar dos prazos legais, trocou o PODEMOS pelo União-Brasil e, se dizendo morador de São Paulo, apresentou a candidatura ao Senado por aquele Estado.
Acontece que o TRE-SP não embarcou na maracutaia e negou a candidatura pretendida por Sérgio Moro. Se parasse aí, a história já seria muito feia, mas Moro foi adiante.
Já que não podia ser candidato ao Senado por São Paulo, ele a apresentou pelo Paraná, tendo como adversário direto exatamente o Álvaro Dias, que lhe dera a mão quando deixou o ministério Bolsonaro.
Em conclusão: com parte da campanha turbinada pelos milhões e milhões gastos pelo PODEMOS para alavancar sua candidatura ao Palácio do Planalto, Sérgio Moro derrotou seu padrinho Álvaro Dias (que ficou fora do Senado da República).
Em largas pinceladas, esta é a história trilhada por Sérgio Moro – uma história pouco edificante e na qual ele construiu muitos desafetos e inimigos de todos os naipes e calibres.
Agora, com o julgamento pelo TRE-PR, parece começar a derrocada de Sérgio Moro, o qual, quando desprotegido da imunidade própria dos parlamentares, estará sujeito a dezenas de processos que pedem a sua cabeça.
Li, outro dia, um artigo que, tomando por base a natureza do crime eleitoral a ele imputado, considerava a perda do mandato uma ‘penalidade excessiva’.
Da minha parte, no entanto, que não o julgo por um pecado ou outro e, sim pelo conjunto da obra, considero simples perda do mandato uma pena muito leve.
Ele merece coisa mais justa.
O Brasil que pensa só ficará aliviado quando ver o Marreco de Maringá atrás das grades.
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