Num dia como este, em 2004, o Brasil perdeu a presença física de Leonel Brizola, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
Lembro que soube da partida de Brizola ao lado de Eduardo de Queiroz Monteiro no Paço Alfândega e, abalados com a notícia, recordamos alguns dos momentos que convivemos com ele, nos concentrando em dois episódios da campanha pelo presidencialismo no plebiscito de 1993.
Na ocasião, havia uma disputa nas esquerdas, pois, embora todas defendessem a República frente a Monarquia, ao contrário de Brizola, o PCdoB defendia o Parlamentarismo – um divisão que, tendo em vista a forma acalorada como era feita a defesa das posições, suscitou muitas confusões, algumas das quais com toques de violência.
No célebre comício do Largo de Santo Amaro, por exemplo, sem assimilar o discurso aguerrido de Brizola (que já tinha trocado insultos e empurrões com Haroldo Lima, destacado dirigente do PCdoB no palanque), a militância comunista deixou o Largo e, talvez em revide aos gritos de ‘fujões’, enrolou as bandeiras e retornou decidida a usá-las como bastões.
Recordo (com algum orgulho) da ‘bandeirada’ que recebi quando ofereci o meu corpo na defesa de Brizola. No dia seguinte, logo cedo, viajamos logo cedo na van do Banco Mercantil para Maceió, onde estava programado um comício.
Durante a viagem de pouco mais de quatro horas, pouco ligando para os alertas de segurança levantados por César Maia (que não parava de falar da força do PCdoB em Alagoas), Brizola era todo entusiasmo, falando do Brasil dos seus sonhos.
Mesmo assim, em Maceió, fizemos uma visita ao então governador Fernando Collor de Mello, que após um telefonema para o secretário Renan Calheiros garantiu que ‘o ocorrido no Recife estava superado’.
César Maia ainda insistiu na questão da segurança até ouvir de Brizola um “Ninguém bota medo em mim. Se alguém tiver de ter medo não sou eu, são eles”.
Este era Brizola: um homem destemido, no qual nada nem ninguém colocava medo.
Sua partida privou o Brasil de um Estadista sério, nacionalista, preocupado com o Povo brasileiro. Ele se foi, mas sua memória e seu exemplo estão aí. Viva Brizola!!!!
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br