Estes últimos dias não têm sido fáceis para o ainda senador Sérgio Moro.
De fato acuado pela realidade – cassação do ex-procurador e deputado Deltan Dallagnol, publicação do livro ‘Uma guerra contra o Brasil’ de Emílio Odebrecht, descoberta dos grampos ilegais usados para pressionar o doleiro Alberto Youssef e denúncias de corrupção passiva feitas pelo advogado Tacla Duran, tudo isso reforçado pela decisão do juíz Eduardo Appio (que assumira a 13ª Vara em fevereiro com o objetivo de resgatar a credibilidade da operação LavaJato) de apurar as denúncias – e sabendo que, muito em breve, perderá o mandato de senador e, portanto, a imunidade parlamentar, Sérgio Moro desesperou-se e, como um celerado, jogou aquilo que pode ser a sua última cartada, em lance ousado com a participação de antigos parceiros e cúmplices.
Ontem, o Brasil foi surpreendido pela informação de que o sempre suspeito Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) afastou o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba, nomeando a juíza morista Gabriela Hardt para seu lugar, restituindo (na prática) o comando do espólio da operação LavaJato a Sérgio Moro.
As motivações do TRF-4 são muito nebulosas, mas, segundo aquilo que foi divulgado (em versões naturalmente afetadas pela simpatia ou antipatia pela LavaJato nutrida por quem fez a divulgação), o imbróglio teria começado por uma conversa ríspida do juiz Eduardo Appio com o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, que é filho do desembargador federal Marcelo Malucelli e sócio do escritório Wolff Moro, em Curitiba (do qual também são sócios Sérgio Moro e sua esposa Rosângela Moro).
Vale dizer que, desde o início, o estilo ‘garantista’ de Eduardo Appio o indispôs com Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, os quais, sem conseguir defender os métodos medievais usados para conseguir delações, confissões e condenações, o acusaram de ser ‘esquerdista’.
Na época, Eduardo Appio rebateu as acusações com um simples e certeiro ‘Todo político de extrema-direita acredita que o mundo é vinculado à esquerda”.
Com Eduardo Appio fora da 13ª Vara, Sérgio Moro espera recobrar as rédeas do espólio da LavaJato e barrar as acusações contra si próprio.
Mas não será simples assim, pois, tão logo soube da decisão do TRF-4, o ministro Dias Tofoli determinou a remessa de cópias das ações envolvendo Tacla Duran para o Supremo Tribunal Federal, onde os pecados do Marreco de Maringá encontram grande repercussão.
Além disso, em 15 dias, o juíz Eduardo Appio apresentará defesa para acusações que lhe são feitas pelo TRF-4.
Este imbróglio está apenas começando e muita coisa virá à tona nos próximos dias.
Uma coisa, no entanto, é certa: o fim de Sérgio Moro pode estar mais próximo do que se imagina.
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