Tendo passado por absurdas distorções conceituais, especialmente no embalo da guerra fria (que, aparentemente, voltou com força nestes últimos tempos), as palavras ‘Comunismo’ e ‘Comunista’ (não os conceitos, apenas as palavras) voltaram a ser usadas pelos ‘aliados ocidentais’ (países que seguem a cartilha de Washington localizados ou não no ocidente) e por seus inocentes uteis, principalmente os mais ignorantes e obtusos) para designar ‘qualquer coisa ou situação considerada ameaçadora, desconfortável ou inapropriada aos interesses do status quo.
Neste embalo, por exemplo, para a extrema-direita, são ‘comunistas’ todos aqueles que lutam pelo crescimento econômico inclusivo, pela promoção do bem-estar social, pela soberania nacional.
Acontece que, por lutar pelos interesses populares, em processo ainda vivo apesar das campanhas de desgaste baseadas em fakenews e orientadas por IA, no curso das Democracias, os ‘comunistas’ e os ‘comunismos’ avançam, colocando as posições conservadoras e reacionárias em risco.
Pois bem.
Pensando assim, vendo ‘comunismo’ e ‘comunistas’ em todos aqueles que dele discordam, ontem, surpreendendo o mundo, tal qual Jair Bolsonaro queria fazer no Brasil, o presidente Yoon Suk Yeol tentou dar um golpe de Estado na Coreia do Sul e só não foi bem sucedido porque o Povo impediu as forças militares de dar o banho de sangue cogitado para fazer cumprir a lei marcial por ele decretada.
Foi assim.
Em pronunciamento à nação pela TV, citando a ‘ameaça comunista, acusando a oposição do país de controlar o Parlamento, simpatizar com a Coreia do Norte e paralisar o governo com atividades subversivas’, Yoon Suk Yeol declarou uma lei marcial de emergência prevendo a suspensão das atividades do Parlamento por tempo indeterminado, a prisão de pessoas sem mandado judicial e o controle da imprensa e dos meios de comunicação.
“A medida é necessária para para proteger a Coreia do Sul liberal das ameaças trazidas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e eliminar elementos anti-estatais, eu declaro lei marcial emergencial”, disse o presidente golpista, acrescentando que “nossa Assembleia Nacional se tornou um paraíso para criminosos, um antro de ditadores legislativos que buscam paralisar os sistemas administrativo e judicial e derrubar nossa ordem democrática liberal”.
Acontece que, ‘como não combinou com os russos’, mesmo suspenso por Yoon Suk Yeol e cercado por militares golpistas, com o apoio da população e suporte de jornalistas (que, claro, devem figurar no rol dos ‘comunistas’, o Parlamento reuniu 190 deputados (de um total de 300) e, por unanimidade, considerando a situação como tentativa de golpe de Estado, derrubou a sua medida.
Estabeleceu-se, então, um impasse, pois (veja a confusão) um parlamento fechado suspendeu o decreto de um presidente golpista, em crise institucional de desfecho completamente incerto. Recentes informações dão conta que, pressionado por todas as partes, ao invés de recorrer ao apoio dos Estados Unidos, que mantém 28.500 soldados armados-até-os-dentes no país, Yoon Suk Yeol preferiu tornar o decreto golpista sem efeito e voltar atrás nas suas decisões (será que Yoon Suk Yeol aderiu ao ‘comunismo’?).
De qualquer forma, tudo está muito incerto na Coreia do Sul e, ao que parece, como sempre ocorre naquelas bandas. quem vai dar a última palavra sobre o assunto é a Casa Branca.
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