Lançando mão do humor fino e sarcástico que costuma usar para infernizar seu alvos e deixando claro o clima que aguarda o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol quando eventualmente recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), no sábado passado, em encontro organizado pelo grupo ‘Prerrogativas’, o ministro Gilmar Mendes opinou que ele (Deltan Dallagnol) poderia ‘aproveitar o dinheiro arrecadado com Pix para fundar uma igreja evangélica’.
Extremamente curta, a frase de Gilmar Mendes diz muitas coisas.
Em primeiro lugar, embute crítica ao recurso usado por políticos condenados ao pagamento de multas de recorrer ao pedido de contribuições aos seguidores (deposite um Pix), expediente que, de certa forma, representa uma burla ao espírito da penalidade aplicada pelo Judiciário.
Em segundo lugar, a frase de Gilmar Mendes denuncia a desmoralização das igrejas evangélicas, as quais, apesar da existência de um ou outro pastor sério, mais se parecem com organizações empresariais de caráter comercial.
Finalmente, a frase de Gilmar Mendes deixa claro o tipo de imagem de Deltan Dallagnol junto a grande parte da sociedade: um vivaldino preocupado em ‘ganhar dinheiro’ (pessoalmente, eu acho que ele é muito pior do que isso).
De qualquer forma, o troco veio no dia seguinte.
Com efeito, injuriado com a sugestão de Gilmar Mendes, em nota distribuída às redes sociais, Deltan Dallagnol retrucou dizendo que “É triste ver um ministro do Supremo chegar a um nível tão baixo a ponto de atacar a fé das pessoas, em um ato de intolerância religiosa tão desprezível” … e, seguindo o caminho perigoso já trilhado por Sérgio Moro (e que rendeu a ele um processo cabeludo) completou: “eu prefiro fundar uma igreja do que fundar um clube de proteção aos mais corruptos e criminosos do Brasil”.
Não se sabe até onde vai esta querela.
Da minha parte, torço sinceramente que, sem qualquer preocupação com eventuais consequências, cada um alardeie todos os podres que imagina saber do outro.
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