Algumas coisas são públicas, outras são privadas. Algumas instituições são órgãos de governo, outras são órgãos de Estado.
Nem todos percebem isso.
De fato, embora o conceito seja claro, são poucos aqueles que atinam, por exemplo, a natureza estrutural das Forças Armadas.
Aliás, embora seja instituição de Estado, alguns teimam em tratá-las como meros órgãos de governo e, pior, há quem tente tê-las como coisa pessoal, indicando a própria fragilidade no modo de ver a coisa (e a causa) pública.
Este modo de ver e de agir foi regra durante o governo de Jair Bolsonaro, o qual – se referindo ao ‘meu Exército’, ‘a minha Marinha’, ‘a minha Aeronáutica’ – parece ter considerado as Forças Armadas brasileiras, não só como órgãos do seu governo, mas, também, como coisas suas (como fez com as jóias sauditas).
Vale dizer que, talvez contaminados pela mesma corruptela e embriagados pelas eventuais benesses, os militares recrutados para servir ao governo Bolsonaro não esboçaram qualquer reação para impedir o equívoco e, de bom grado, foram cúmplices dos descaminhos verificados.
Pois bem.
No quadriênio do governo Bolsonaro, as Forças Armadas – que ainda se ressentiam dos prejuízos de imagem adquiridos nos anos de chumbo, durante os quais, exerceram a Ditadura e atuaram no lado oposto aquele do bem-estar social – [as FFAA] pareceram mergulhadas até o pescoço no lamaçal de corrupção, de desmandos e de atitudes anti-povo daquela época.
Mostruário desta situação pode ser verificado por ocasião do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid na CPMI do Oito de Janeiro, em 11/07/2023, quando, (in)devidamente trajando a farda verde-oliva dos militares do Exército e ostentando as estrelas gemadas do coronelato, [Mauro Cid] foi completamente desmoralizado.
Observe que, ao não impedir a execração daquele que a vestia, a farda do Exercito brasileiro revelou-se ‘desmoralizada’, em impotência prontamente associada ao próprio Exército.
As Forças Armadas não merecem isto.
É hora de as Forças Armadas fazerem alguma penitência para remissão dos graves pecados cometidos nos momentos nos quais, cedendo à tentação da conjuntura, abandonam a missão estrutural que lhes cabe por vocação para jogar contra os interesses do Povo brasileiro em troca de migalhas.
O Brasil precisa ter motivos para se orgulhar das suas Forças Armadas.
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