Desde a campanha eleitoral de 2018, em comportamento que ganhou maior destaque por ocasião do incêndio do Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, o País sabia do descaso e, segundo alguns, ódio nutrido por Jair Bolsonaro pela arte e pela cultura. Por isso, ele extinguiu o Ministério da Cultura e comemorou todos os ataques desferidos pelos seus auxiliares truculentos aos artistas e também aos mecanismos federais de estímulo e incentivo à cultura.
Evidentemente, o mundo da artes reagiu e o sentimento anti-Bolsonaro (que já era grande) cresceu. Acontece que, no meio artístico tão combalido, surgiu um estranho bolsão de prósperos cantores (todos ferrenhos inimigos das leis de incentivo cultural). Muito estranho.
Graças, no entanto, a mais um gesto patriótico da cantora Anitta, veio à tona um vasto esquema de corrupção envolvendo prefeitos bolsonaristas, que, mediante ‘mimos’ ainda não apurados, acolhem indicações de cantores medíocres e, usando verbas desviadas da saúde e da educação, os contratam a peso de ouro.
São muitos os casos já identificados. Um deles se refere ao show apresentado pelo cantor Gusttavo Lima na cidade de São Luiz do Anauá, em Roraima – uma cidade localizada a 300 km de Boa Vista, com apenas 8.120 habitantes e péssimos serviços públicos – pelo qual a prefeitura pagou absurdos R$ 800 mil.
A corrupção no setor é grande. Mesmo assim, agindo como o traído que não quer reconhecer a traição, a turma do Capetão diz não haver corrupção no governo Bolsonaro.
A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito poderia desvendar mais este núcleo de corrupção do governo Bolsonaro. Ainda bem que este governo está no fim.