Elevando o pragmatismo à condição de eixo central das decisões e, consequentemente, negando prioridade ao chamado princípio da ‘solidariedade entre as Nações’, os diplomatas costumam dizer que ‘entre países não há amizades e só os interesses devem guiar as relações internacionais’.
Para estes, pouco valem as afinidades políticas e culturais, importando apenas a densidade do comércio e outros valores materiais.
Pois bem.
A julgar pelos recentes pronunciamentos sobre a eleição presidencial na Venezuela – dando eco ao intervencionismo da Casa Branca e ao golpismo da extrema-direita local -, o presidente Lula aderiu de vez ao discurso ‘ocidental’ e, para ‘reconhecer’ a vitória de Nicolas Maduro, passou a exigir a exibição das chamadas ‘atas de apuração’.
Um comportamento, no mínimo, esquisito, especialmente porque, nas eleições de 2022, ele próprio [Lula] teve a vitória contestada por Jair Bolsonaro e, na época, o presidente Nicolas Maduro não tergiversou e prontamente reconheceu o resultado eleitoral.
Aliás, já nos primeiros momentos, o presidente Nicolas Maduro condenou veementemente tanto o golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016, como o golpe que tentou derrubar Lula em janeiro de 2023.
Mas, como ensinou Shakespeare em ‘Hamlet’, “entre o céu e a terra há mais coisas do que supõe sua vã filosofia”.
Assim, deve ter acontecido alguma coisa muito forte para Lula negar a gratidão merecida por Maduro, a quem, da forma como as coisas estão andando, talvez, só reste a alternativa de abraçar a diplomacia proposta por Pequim e por Moscou, mandando Washington e Brasilia às favas.
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