Embora mais do que tardio, este final de governo vem sendo muito elucidativo sobre o comportamento doentio de Jair Bolsonaro.
Com efeito, está ficando claro para todo mundo, inclusive para a parte sadia do seu eleitorado, que, quando não está fazendo o nada por ele tão apreciado, Jair Bolsonaro está fazendo alguma malvadeza.
Aliás, o binômio Nada-Malvadeza parece bem resumir a atividade presidencial de Bolsonaro. Imagine que, por estes dias tão agitados em Brasília, especialmente no dia 12/12 – quando, por seu estímulo, em absurdo protesto contra a diplomação do presidente eleito, hordas bolsonaristas varreram a capital da república com uma onda de terror -, Bolsonaro não tomou qualquer atitude.
Recolhido ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro sequer distribuiu nota condenando a violência. Parece até que ele não é o presidente da república, a maior autoridade política do País.
Enquanto isso, fazendo contraponto ao ‘fazer nada’ para compor o binômio com uma ‘malvadeza’, Jair Bolsonaro encontrou tempo para vetar a chamada ‘Lei Padre Júlio Lancellotti’, que proíbe a arquitetura hostil – termo que se aplica às construções (espetos pontiagudos sob viadutos ou fachadas comerciais, pavimentação irregular, pedras ásperas, jatos de água, cercas eletrificadas ou de arame farpado, muros com cacos de vidro, etc.) cujo objetivo é repelir ou dificultar o acesso de idosos, crianças e, sobretudo, pessoas miseráveis em situação de rua.
Em certos países, uma pessoa que nada faz ou, quando muito, comete perversidades estaria sob tratamento psiquiátrico e, não na presidência da república, prejudicando toda Nação.