Contrariando a vontade do eleitor-raiz de Jair Bolsonaro, cujo sonho é restaurar o Brasil do AI-5 (que, exatamente hoje, comemora 54 anos), pouco a pouco, com um sobressalto ou outro (alguns mais graves do que outros), vive-se os extertores da atual fase obscurantista da história do País e, para alegria dos brasileiros, se aproxima a desocupação do Palácio do Planalto pela extrema-direita conservadora e reacionária.
Ontem, em solenidade na sede do Tribunal Superior Eleitoral, consolidando o processo eleitoral, Lula foi diplomado presidente eleito do Brasil. Na ocasião, no seu discurso, numa alusão direta ao golpismo autoritário representado por Jair Bolsonaro, [Lula] lembrou que, na prática, sua eleição significou a vitória da Democracia.
De sua parte, demonstrando não temer sequer a eventual resistência de colegas na mais elevada corte do Pais (sintomaticamente, os ministros Kássio Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Jair Bolsonaro, faltaram à solenidade), o ministro Alexandre de Moraes voltou a condenar a atitude dos grupos extremistas anti-democráticos e, de forma explícita, avisou que fará valer a lei para reprimir a baderna golpista.
O aviso foi dado, mas, seguindo a natureza que anima a extrema-direita, com a prévia anuência de Bolsonaro, grupos bolsonaristas trataram de, imediatamente, afrontar a autoridade do presidente do TSE e, com o concurso de baderneiros profissionais, varreram Brasília com uma onda de violência, com tumultos, depredação de prédios, destruição de carros e incêndios a ônibus. Sem tirar os terroristas baseados em bloqueios rodoviários e acampados na frente de quartéis da sua alça de mira, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do líder baderneiro José Acácio Serere Xavante e, ao que se sabe, prepara uma vasta operação policial para retirar golpistas extremistas das ruas.
De qualquer forma, o eloquente silêncio mantido por Jair Bolsonaro sobre a violência usada pelos bolsonaristas, inclusive sobre a balbúrdia ocorrida ontem em Brasília, deixa claro quem, de fato, é o chefe do terrorismo no Brasil. Para o Brasil festejar o retorno à Democracia, além da posse de Lula, falta a prisão de Jair Bolsonaro.