Embora Jair Bolsonaro não possa ser responsabilizado integralmente pela situação (que, diga-se de passagem, começou a ser criada como elemento preparatório do golpe de 2016, com grande participação da Rede Globo), um dos mais graves problemas a serem herdados pelo novo governo é o clima de intransigência política que anima a banda conservadora e reacionária da sociedade.
Para os eleitores-raiz de Bolsonaro, todos não-bolsonaristas fazem parte de uma ‘escória comunista que deve ser extirpada do País’. Para este pessoal, não há acordo: a palavra-de-ordem é ‘pau no lombo dos esquerdistas’. Uma pobreza de espírito sem igual.
Vale dizer que ninguém está ao largo da intransigência dos bolsonaristas. Neste fim-de-semana, por exemplo, bastou-me retrucar que, embora minha camisa fosse verde, eu não era 22 para enfrentar o olhar de ódio de um cavalheiro que, do nada, ao entrar no elevador do hotel de luxo no qual estávamos hospedamos, abrira um sorriso estranho, para, aludindo a cor da sua roupa explicar que ‘sua camisa era vermelho, mas ele não era PT’. O bolsonarista fechou o semblante e não mais me dirigiu a palavra. Nem mesmo para responder a um bom dia, boa tarde ou boa noite.
Não será fácil remover o ódio inculcado nos bolsonaristas.
Esta é uma das principais tarefas do governo Lula e eu espero que tenha sucesso na empreitada, pois, afinal de contas, ao contrário daquilo que pensam os idiotas, independentemente de crença religiosa, cor da pele, preferência sexual, tamanho da conta bancária ou convicção política, somos um só Povo.