Apesar de afirmar que “em todas as operações o maior compromisso da Braskem é a segurança das pessoas”, o histórico da empresa – que, segundo suas próprias palavras, é ‘a maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas e a maior produtora de polipropileno nos Estados Unidos’ – [o histórico da Braskem] aponta noutro sentido.
De fato, desde o início do seu funcionamento em Maceió, nos anos 70, onde localizou as fabulosas jazidas de sal-gema – em processo nunca plenamente explicado e que plantou uma nódoa de suspeição no governo biônico de Divaldo Suruagi -, a Braskem vem comprometendo o meio ambiente e a saúde das pessoas (não foi sem razão que, ao contrário das demais capitais de Estado da região, a expansão imobiliária de Maceió ocorreu em direção ao norte da cidade, no rumo antípoda da indústria poluidora).
Aliás, o funcionamento da Braskem sempre foi uma festa de irregularidades, pois, ao tempo que poluía criminosamente o mar e a Lagoa de Mundaú (contaminando suas águas e arruinando o berço do Sururu), a Brasken nunca deu trato científico à retirada do material do sub-solo.
Conclusão: além de poluir e envenenar, a Braskem transformou o subsolo no qual se assenta grande parte de Maceió num queijo suíço gigantesco.
Embora fosse um problema antigo, as proporções catastróficas dos malefícios causados pela Braskem vieram a tona em fevereiro de 2018, quando um tremor surreal abalou o bairro do Pinheiro, comprovando que algo muito estranho corroía o subsolo da cidade.
Daí em diante, rachaduras, fissuras, crateras, afundamentos e todo o tipo de deformidades comprometeram imóveis e logradouros, num processo que, logo, tomou as margens da Lagoa Mundaú e atingiu os bairros do Mutange, Bebedouro, Bom Parto, com recalques que atingiram dois metros.
Em novembro de 2019, a Braskem anunciou o encerramento definitivo da extração do minério na região.
O mal, no entanto, já havia sido feito, prejudicando mais de 200 mil pessoas, incluindo moradores de 14 mil residências, que precisaram ser evacuadas.
O pior, no entanto, estava por vir.
Em 10 de dezembro de 2023, em desastre cujas consequências ainda são imprevisíveis, houve o rompimento da mina 18, no bairro do Mutange.
Agora, em 13 de dezembro de 2023, graças ao empenho do senador Renan Calheiros, o Senado Federal criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a responsabilidade da Braskem no desastre ambiental de Maceió.
A jornada da Braskem em Maceió é uma história de irregularidades, irresponsabilidades, conluios, complôs e muitos crimes somados, misturando corrupção, omissão e peculato nas dosagens necessárias ao super-enriquecimento de uns ao custo do empobrecimento de muitos e da destruição ambiental de porções importantes de Maceió.
Não basta o custeio de reparações aos prejudicados. Os criminosos precisam pagar por seus crimes.
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