No mundo mercantilizado, como ocorre em todas as sociedades modernas, o acesso aos bens econômicos se dá mediante processos comerciais, através de negócios nos quais há o envolvimento direto ou indireto de Dinheiro.
Assim, ressalvado o acesso aos bens livres (em número cada vez menor), a Renda exerce uma importância fundamental no funcionamento da sociedade e, evidentemente, da vida humana.
Daí, como assertiva óbvia, vem a conclusão de que, independentemente da matiz ideológica, todas a formas de governo e regimes políticos e econômicos devem guardar preocupação especial com a Renda das pessoas.
Se vale para todos, por maiores razões, vale para o Liberalismo, cuja expressão econômica – o capitalismo liberal – depende do funcionamento do mercado e, portanto, da realização de negócios entre massas vendedoras e [massas] compradoras.
Aliás, os escravos não tinham liberdade porque não tinham renda e, em consequência direta desta condição, a ausência de Renda objetiva (aquela que se pode usar) é um dos principais indicadores das situações consideradas ‘análogas ao trabalho escravo’.
Nesta perspectiva, todos os amantes da Liberdade deveriam ser entusiastas das altas rendas e das medidas capazes de elevá-la [elevar a renda].
Contraditoriamente, no entanto, este não parece ser o caso daqueles que se dizem liberais.
De fato, o arroxo das rendas (especialmente, dos salários) parecer ser um dos poucos remédios do receituário recomendado pelos economistas monetaristas aos governantes liberais.
Tudo isto confirma e explica o mar de contradições no qual navega o novo presidente da Argentina, o autoproclamado anarco-liberal Javier Milei – o qual, diga-se de passagem, a julgar pelas primeiras medidas, não é anarquista, muito menos liberal.
Com efeito, nas primeiras horas de administração, seguindo a tradição monetarista, Milei tratou de cortar parte da Renda da população, especialmente das classes médias e pobres, reduzindo-lhes, portanto, graus de liberdade objetiva e, na sequência, em novo gesto contraditório com a liberdade dita e prometida em campanha, [Javier Milei] adotou medidas que dificultam a realização de manifestações contrárias às suas decisões, cerceando direitos conquistados pelo povo argentino há décadas.
Já não se faz anarquistas e libertários como antigamente…
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