Como ensinou William Shakespeare em Hamlet, “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia”. Há dois dias abri artigo sobre o inexplicável aumento da tarifa de energia elétrica em Pernambuco com esta frase.
Pois bem.
A mesma frase abre o artigo de hoje sobre a inexplicável audiência concedida pelo presidente Gabriel Galípolo na sede do Banco Central ao empresário Joesley Batista na tarde de um feriado mundial para as comemorações do Dia do Trabalhador.
Qual seria o assunto tão importante que faria o presidente do Banco Central sacrificar o feriado para atender um espertalhão?
Para quem não lembra, Joesley Batista é aquele empresário do frigorífico JBS que, pilhado pela Polícia Federal, fez acordo de delação premiada e confessou ter tido um encontro ‘fora de agenda’ no Palácio da Alvorada em março de 2017, no qual gravou conversa com o usurpador Michel Temer sobre a propina de R$ 500 mil que (a seu mando) pagava mensalmente ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (responsável pela cassação da presidente Dilma Rousseff) para ‘mantê-lo calmo e satisfeito’ – episódio que redundou no julgamento de Michel Temer pela Câmara dos Deputados por corrupção no ano seguinte – e que, juntamente com o irmão Wesley chegou a ser preso em 2018 durante a Operação Tendão de Aquiles.
É esse tipo de gente que o presidente do Banco Central recebeu em seu gabinete num feriado universal.
Qual terá sido o assunto da conversa?
Pouco a pouco veio à tona que durante o encontro, Joesley Batista teria conversado com o presidente do Banco Central Gabriel Galípolo sobre o interesse da J&F Investimentos (de sua propriedade) adquirir parte dos ativos do Banco Master (cujo dono Daniel Vorcaro tenta vender ao BRB, em negócio tão sujo que mais parece poleiro de galinheiro).
Segundo consta, a engenharia financeira proposta por Joesley Batista para a aquisição envolve um emaranhado participações que, talvez, nem ele próprio entenda.
É possível que daqui a algum tempo, se achar necessário ou conveniente, Joesley Batista mostre a gravação que seguramente fez da conversa e a sociedade brasileira venha a saber sobre as propostas indecorosas discutidas na sala da presidência do Branco Central no feriado universal do Dia do Trabalhador de 2025.
Mesmo que pareça legal, negócio com a participação de Joesley Batista e de Daniel Vorcaro seguramente esconde alguma falcatrua.
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