Entre as panaceias defendidas pelos liberais está o ‘Estado mínimo’ – situação caracterizada pela quase ausência do Estado, na qual as questões são tratadas diretamente pelos cidadãos, então sujeitos a pouquíssimas leis, regras, regulamentos, impostos, taxas e contribuições.
Emerge, então, a pergunta se este tal Estado-mínimo funciona.
A resposta, como se observa daquilo que acontece nas favelas, é um sonoro e rotundo NÃO.
Algumas pessoas, especialmente aqueles que costumam perguntar ‘onde o socialismo deu certo’, jamais pensam em perguntar ‘onde o Estado mínimo deu certo?’.
Pois bem.
Em 2024, um grupo de liberais raiz resolveu pagar para ver e se empenharam num experimento sociológico com objetivo de verificar a pertinência politica, econômica e social do Estado mínimo.
Cumprindo uma experiência política sem precedentes, estabeleceram uma comunidade plena de liberalismo na cidade de Grafton, no nordeste dos Estados Unidos, na fronteira com o Canadá. Instalou-se, então, o Projeto Cidade Livre, uma espécie de paraíso dos liberais – uma comunidade com pouquíssimas regras e impostos cuja pretensão era além de provar o entendimento de que a intervenção governamental é opressiva, desnecessária e geradora de pobreza, tentar responder ‘se a sociedade agir por conta própria, florescerá e será capaz de se autorregular?”
Não precisa ser muito esperto para antecipar a resposta.
De fato, depois de poucos anos, o experimento de Grafton produziu um grande fiasco.
Sem estrutura devido à deterioração dos serviços públicos, tomada pela violência e pelo crime, Grafton chegou à gota d’água quando ursos-negros atacaram os moradores.
O fracasso da comunidade marcada pelo Estado mínimo foi registrada no livro ‘A Libertarian Walks into a Bear’ (Um libertário encontra um urso) pelo jornalista americano Matthew Hongoltz-Hetling, escrito em 2020, que conta a história do Projeto Cidade Livre e o fracasso do ‘regime pautado pela liberdade individual como o valor político supremo, garantindo a cada pessoa o direito de viver e fazer com o seu corpo e com seus bens o que julgar apropriado, desde que não interfira no direito dos outros fazerem o mesmo’. Uma amostra daquilo que aconteceu no Projeto Cidade Livre pode ser visto em qualquer favela brasileira.
Antes de defender o ‘Estado mínimo’, os liberais deveriam passar uma temporada numa das favelas existentes por aí.
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