Os mais antigos lembram de um tempo no qual a ‘falta de luz’ (era assim que se chamava a interrupção do fornecimento de energia elétrica) era muito frequente no Brasil.
Na maior parte dos casos, o apagão era paroquiano e afetava apenas alguns bairros.
Muitas vezes, em prova de quão precária era a estrutura das coisas naquele tempo maravilhoso (e que, hoje, parece impensável e quase ridículo), em gesto de extrema generosidade, as emissoras de televisão reprisavam capítulos das novelas para que as populações dos bairros no escuro não fossem prejudicadas.
Mas, os tempos evoluíram e, com o avanço tecnológico, os apagões localizados são cada vez mais raros e, quando ocorrem, costumam ser registrados em relatórios que nunca dão em nada, mas chateiam as concessionárias.
Com a interligação dos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, os apagões são menos frequentes e, quando ocorrem, atingem vastas regiões, comprometendo o funcionamento de Estados inteiros e regiões.
Estes grandes apagões suscitam todos os tipos de conjunturas, inclusive aquelas baseadas em ‘teorias de conspiração’.
O blackout de ontem, que apagou Portugal, Espanha e adjacências, prontamente atiçou a imaginação de alarmistas e logo foram desenvolvidas versões atribuindo a culpa a Vladimir Putin e um certo ‘fenômeno meteorológico anômalo já previsto na Bíblia’.
Maluquice à parte, os apagões têm causas e responsáveis, que devem ser investigados e tratados com a dureza necessária.
De qualquer forma, já vivendo o segundo quartel do século XXI, a humanidade não pode ficar sujeita a interrupções no fornecimento de energia elétrica, item básico para o funcionamento dos transportes, do sistema de saúde, da circulação do trânsito, das comunicações, das atividades econômicas, do tratamento e abastecimento d’água.
Além de buscar causas e culpados, as autoridades devem estimular estudos capazes de eliminar a chance de estes apagões ocorrerem. Futuro não combina com apagão.
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