Há tempos, em grande demonstração de confiança, em conversa no aeroporto de Brasília, por ocasião de uma das viagem para os encontros promovidos pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), um amigo paulista (não vou dizer o nome por razões óbvias) me informou que pretendia ser candidato às próximas eleições para a Câmara dos Deputados e queria o meu apoio.
De pronto, perguntei sobre o seu partido. ‘PFL’ ele informou meio encabulado.
Não seria fácil apoiar uma candidatura colocada em São Paulo e, ainda por cima, pelo PFL, mas, mesmo assim, me prontifiquei a ajudá-lo.
Me dispus a pedir uma mensagem de apoio à sua candidatura ao ex-vice-presidente Marco Maciel (com quem sempre tive boa relação) e, ainda, baseado na sua condição de engenheiro, daria sugestões para sua proposta eleitoral.
Ele ficou super animado.
Afinal de contas, um mensagem de Marco Maciel poderia ser decisiva junto ao empresariado paulista, especialmente aquele vinculado à FIESP, e minhas sugestões não o atrapalhariam.
No encontro seguinte, poucos dias depois, também no aeroporto de Brasília, mostrei-lhe o esboço das ideias para a proposta eleitoral – segundo minha sugestão, ele seria o ‘candidato da Engenharia’ e se comprometeria a apresentar projetos capazes de melhorar a qualidade de vida da população a partir da aplicação da Engenharia (conjuntos habitacionais, sistemas de transporte, logística, engenharia popular, saneamento, energia, modernização do parque produtivo, etc. etc. etc.).
Vocês precisavam ver a cara feita por ele. Quanta decepção. Ele não queria aquilo. Não desejava ser o ‘deputado das Engenharias’. Desejava ser o ‘deputado das empresas de engenharia’. Daqueles que se dedicam a arranjar obras, inventar saídas para óbices nas concorrências, destinar emendas para obras, desembaraçar o pagamento de faturas, queria, enfim, ser um despachante de luxo das empreiteiras.
Não tinha como ajudar naquele projeto e, por razões evidentes, desistir de contribuir na sua candidatura, a qual, não obteve sustentação e sequer foi apresentada.
Aquele episódio deixou claro não ser a formação acadêmica um elemento necessário para vocaciona um parlamentar a uma bancada que atua em defesa do emprego da Engenharia na solução de problemas da sociedade.
Aliás, a Engenharia é apenas um dos diversos meios capazes de contribuir para a conquista e preservação do bem-estar.
Mais importante do que a formação acadêmica são a sensibilidade social e a inclinação política do parlamentar.
O emprego da Engenharia é necessária para a solução de problemas da sociedade, mas o engenheiro nem sem tem preocupação ou sensibilidade para ver isso.
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