Entre os muitos pontos altos da dinâmica do Nordeste está o São João – denominação genérica dos festejos juninos, dedicados a Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29) – uma festa tão importante que altera o calendário nacional dos feriados (no Estado de Pernambuco, o feriado de Corpus Cristi é trocado pelo Dia de São João) e, a cada ano, (como também acontece com o período carnavalesco) cresce mais um pouquinho, começando mais cedo e terminando mais tarde.
No Nordeste, São João é o tempo das comidas de milho e pés-de-moleque, das camisas quadriculadas, dos bigodes, costeletas, cavanhaques e pintinhas pintadas nos rostos das moças e rapazes, dos chapéus de palha, das adivinhações, das fogueiras, dos fogos e balões, das quadrilhas improvisadas, com seus alavavantus, anarriês e casamentos matuto e, claro, de forró, muito forró, tocado pelos grupos de forró-pé-de-serra, apenas com sanfonas, triângulos e zabumbas entoando xote, baião para a alegria das pessoas.
São João é isso.
Quem nunca brincou um São João no Nordeste não pode avaliar como é bom. Se puder, venha que vai gostar.
Mas, venha rápido porque tem gente querendo acabar com ele.
De fato, tem gente que nunca viu um São João na vida e resolveu se meter no assunto para desandar a canjica.
Imagine que, em detrimento dos artistas do forró – cantores e compositores que trazem o São João no sangue- , prefeitos e uns tais de ‘gestores’ de cidades tradicionalmente vinculadas aos festejos juninos começaram a empurrar gente de outros ritmos goela abaixo das festas populares, descaracterizando o São João.
Parece até que, deliberadamente, querem matar o São João.
Imagine que, em Caruaru – cuja tradição junina fez a cidade ser conhecida mundialmente como ‘a Capital do Forró’ – a abertura dos festejos ocorreu com show da cantora de ritmos baianos Ivete Sangalo, cujo cachê consumiu grande parte do orçamento da festa (se, dos R$ 4 milhões investidos na festa pelo governo do Estado, R$ 1 milhão foi destinado ao cantor sertanejo Gusttavo Lima, quanto não deve ter se sido pago para Ivete Sangalo?).
Chega a ser ridículo ver as autoridades abrirem um sorriso idiota para anunciar a presença de estrangeiros como Luan Santana, Jorge e Mateus, Alok e Wesley Safadão entre as atrações.
E, de música baiana em música baiana, de lamento sertanejo em lamento sertanejo, estes prefeitos e ‘gestores’ vão descaracterizando as tradições culturais da região, matando um pouquinho do Nordeste.
Mas, nós somos mais fortes do que eles. Viva o forró-pé-de-serra!
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