Como sabemos, sabemos muito pouco daquilo que, efetivamente, ocorre na guerra do Leste Europeu.
Entre as poucas coisas concretas sabidas sobre a guerra, está o renhido confronto travado, de um lado, por grupos mercenários custeados pelos Estados Unidos, que dizem lutar a favor da Ucrânia e, de outro [lado], por grupos igualmente mercenários que lutam sob ordens de Moscou.
Pois bem.
Nestes últimos dias, o noticiário foi movimentado com a informação sobre a rebelião do chamado Grupo Wagner, que, na 6ª feira, dia 23/06/2023, ao contrário daquilo esperado pelo Kremlin, ocupara o quartel-general do Exército russo em Rostov e daria início a uma guerra civil contra o governo de Vladimir Putin.
A informação ganhou relevância, especialmente depois de a Casa Branca dizer ‘estar acompanhando o caso’.
Não era para menos, pois o tal Grupo Wagner tem grande poder de fogo.
De fato, criado em 2014 pelo tenente-coronel Dmitry Utkin – embora muitos o tenham como um grupo de fachada do Departamento Central de Inteligência (GRU) das Forças Armadas Russas (para emprego em operações não oficiais e como forma de acobertar o número de baixas e custos financeiros) – usando equipamentos e instalações das Forças Armadas Russas, a empresa privada do ramo militar ‘Grupo Wagner’ é a principal organização mercenária a serviço do governo da Rússia, compondo um exército privado com atuação em várias regiões pelo mundo, principalmente no leste da Ucrânia (Donbass), na Síria e na África.
Tendo em vista a extrema gravidade da rebelião do grupo Wagner – cujo anúncio citou o controle de várias instalações militares russas na Ucrânia e comando de 50 mil homens em armas -, em pronunciamento feito no sábado (dia seguinte ao anúncio do Grupo Wagner), depois de classificar o motim liderado por Yevgeny Prigozhin como uma “facada nas costas“, o presidente Vladimir Putin prometeu punições severas “a quem se voltar contra as Forças Armadas da Rússia”.
A esse tempo, com as barbas de molho e provavelmente já arrependido de ter ‘catucado a onça com vara curta’, Yevgeny Prigozhin correu a Belarus, onde, com a intermediação do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, conseguiu negociar um perdão para seus arroubos, encerrando a rebelião que durou menos de 36 horas.
Não se sabe a posição íntima de Vladimir Putin (os homens poderosos não gostam de ser desafiados e costumam ter memória longa), mas, em gesto no âmbito do acordo que pôs fim à rebelião, o Kremlin exigiu que todos os membros do grupo Wagner assinem contratos de prestação de serviços usados pelo Ministério da Defesa para controlar as ‘forças voluntárias’ e mandou arquivar o processo criminal aberto contra Yevgeny Prigozhin e outros integrantes do Wagner “em reconhecimento por seus serviços anteriores”.
Nisto tudo, é evidente que há muito mais coisas escritas nas entrelinhas do que nas linhas. Ou seja: o manto de desinformação continua, indicando que não há nada de novo no front.
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