Todo vício é pernicioso. Alguns – como rezar, orar, fumar e beber – são tolerados e, até, festejados. Outros, no entanto, são ilegais e podem, inclusive, marcar as pessoas com pechas inaceitáveis, especialmente aos seguimentos mais radicais da banda conservadora da sociedade.
E, nesta perspectiva, alguns consideram os movimentos para discriminalização das drogas perigosos para a sociedade, pois ‘podem (no seu entender) abrir caminho para a perdição das pessoas e das famílias’.
Não concordo com aqueles que pensam assim. Segundo meu entendimento, o enfrentamento aos vícios e ao uso de produtos prejudiciais deve ocorrer através das técnicas de marketing negativo.
Aliás, em fenômeno conhecido (mas pouco reconhecido) as proibições legais servem, principalmente, para alimentar o crime organizado e [alimentar]a corrupção do aparato designado para o seu combate (combate às drogas).
Vale lembrar que a vigência da Lei Seca nos Estados Unidos foi o período de maior prosperidade e fortalecimento da máfia naquele país, um tempo marcado pela corrupção policial e pela generalização dos crimes ligados ao tráfico de álcool.
À propósito, nesta 4ª feira, julgado por aceitar suborno dos cartéis (que ele deveria combater), o famoso Genaro García Luna, que durante anos ‘liderou a luta contra’ o tráfico de drogas no México, foi condenado a quase quarenta anos de prisão nos Estados Unidos.
É óbvio que, para gente como este Genaro García Luna e para [gente como] aqueles que o subornavam, não há qualquer interesse em projetos que descriminalizem as drogas, pois sua fortuna depende delas.
No dia em que as drogas forem descriminalizadas não haverá mais a figura do [então desnecessário] traficante e, lógico, daqueles que devem combatê-las.
Assim, por mais viajada que possa parecer a ilação, em certo sentido, a fúria como os conservadores se opõem aos esforços para discriminalização das drogas concorre com os interesses dos traficantes e dos corruptos a eles associados.
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br