Em alguns círculos, o governo (qualquer que seja a esfera) é referido como a ‘viúva’. Não sei o porquê da figuração, mas recordo de muita gente dizendo ‘bota na conta da viúva’ ou ‘a viúva paga’, em indicativo de que a despesa seria custeada pelo governo sem penalizar diretamente qualquer pessoa.
Assim, na perspectiva de quem não considera o governo gestor de um bolo formado pela contribuição da coletividade, a ‘viúva’ seria uma espécie de ser estranho à sociedade, que salda contas sem impacto na bolsa coletiva.
Claro que não é assim, pois o dinheiro usado pela ‘viúva’ para pagar as contas sai do bolso de todos.
Pois é justamente para a ‘viúva’ que os espertalhões querem mandar a responsabilidade pelo ressarcimento dos valores roubados (desde o início do governo Bolsonaro) dos aposentados e pensionistas do INSS.
Com efeito, em resposta à determinação de Lula de não deixar nenhum aposentado ou pensionista no prejuízo, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Gilberto Waller Júnior se apressou em garantir que “todos os beneficiários lesados por descontos indevidos serão ressarcidos”.
Só não disse como.
Segundo cálculos da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), o valor do roubo alcança R$ 6,3 bilhões. De sua parte, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio de bens das 12 entidades investigadas na fraude do INSS no valor de R$ 2,56 bilhões.
A conta não fecha. Está faltando R$ 3,74 bilhões.
E quem vai pagar esta diferença?
A resposta está na ponta da língua: ‘a ‘viúva’.
O Tesouro Nacional parece um saco sem fundo.
Um dia, vai o Banco Central e eleva a Taxa Selic para 14,75% (um impacto de quase R$ 25 bilhões na divida pública), no outro [dia], se anuncia a subtração de quase R$ 3,8 bilhões para sanar a fraude no INSS.
Assim, não tem Tesouro que suporte, a ‘viúva’ não aguenta.
Embora não fale alto a sociedade pensante espera que a ‘viúva’ seja deixada em paz e, se um lado, quer que os banqueiros deixem de assaltar o Tesouro Nacional, de outro, sonha com justos e severos corretivos para os espertalhões que costumam jogar contas privadas nas costas da ‘viúva’.
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