Cheio de esperanças, Jair Bolsonaro seguiu para a Inglaterra. Seu objetivo maior não é cumprir um dever diplomático, como farão os demais chefes de Estado e de Governo que lá estarão para os funerais da Rainha Elizabeth II.
O propósito de Bolsonaro é eleitoral. De fato, tão logo soube da morte da monarca britânica, o comando da campanha que pretende manter Bolsonaro no Palácio do Planalto enxergou a possibilidade de ampliar o périplo internacional já programado para ele, acrescentando Londres ao roteiro da viagem à Nova York para a sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU.
O objetivo é ambicioso, pois, em três dias, pretende construir a imagem de ‘estadista respeitado mundialmente’, desfazendo a condição de ‘pária mundial’ conquistada por Bolsonaro ao longo dos últimos três anos nos quais cometeu gafes, distribuiu grosserias e agiu como troglodita mau educado dentro e fora do seu país.
Ao que parece, esta última cartada está dando chabu, pois, como já aconteceu de outras vezes, todas as personalidades relevantes estão evitando qualquer contato com Bolsonaro.
Até agora, o único encontro bilateral confirmado pelo Itamaraty foi uma reunião de Bolsonaro com o colega ultradireitista Viktor Orbán, presidente da Hungria.
Um tiro no pé.
Talvez o comando da campanha de Bolsonaro não saiba, mas na 5ª feira, dia 15/09, o Parlamento Europeu discutiu a forma como age Viktor Orbán e, em votação, os eurodeputados decidiram que a Hungria deixou de ser uma democracia plena, passando a ser ‘um regime híbrido de autocracia eleitoral’.
O comando da campanha sonha em mudar Bolsonaro da noite para o dia, mas ele é um anão diplomático.
É e vai continuar a ser.
Do ponto de vista diplomático, Bolsonaro vai retornar ao Brasil menor do que já é.