Adoro o Reino Unido, em especial a Inglaterra, com toda aquela pompa e tradição. Muita gente comunga deste sentimento. Um sentimento que vem crescendo nestes últimos dias por conta das despedidas da Rainha Elizabeth II, aquela velhinha tão simpática e sorridente.
E, num quadro geral de maniqueísmo, as pessoas só atentam para o ‘lado bom’ daquele reino.
Quando muito, as pessoas lembram que, se fazendo diferente dos outros países, no Reino Unido não circula o Euro e sim a Libra Esterlina, [que] lá os carros andam ‘na contramão’, [que] lá funciona um sistema de medidas diferente daquele usado no resto do mundo e mais uma série pequenas coisas que, em nada, depõe contra o país.
Acontece que, puxando pela memória, a gente lembra do caráter violento, guloso e colonialista da expansão territorial britânica, tão ampla que, em referência à sua presença mundial, a própria Coroa cunhou a frase ‘no Reino de Sua Majestade o sol nunca se põe’ – uma condição imperial que, sem admitir contestação, até hoje vem esmagando anseios libertários, como exemplificam as guerras das Malvinas e da Irlanda.
Puxando pela memória, a gente lembra do caráter pirata do comércio internacional praticado e estimulado pela corte de Sua Alteza, que sempre ávida pela pilhagem, concedia Cartas de Corso e títulos de nobreza a ladrões do mar, notabilizando e dignificando criminosos como os Sir’s Henry Morgan, James Lancaster e Francis Drake(os sobrenomes conhecidos não são mera coincidência).
Puxando pela memória, a gente lembra do recentíssimo esbulho cometido pela Coroa Britânica contra a Venezuela, quando, alegando problemas políticos com o regime de Hugo Chavez, expropriou as reservas internacionais formadas a partir da exportação de petróleo do Orenoco e mantidas na City Londrina (fato que, agora, explica a ausência de delegação venezuelana nos funerais da Rainha).
Sem precisar puxar pela memória, bastando enxergar aquilo mostrado na televisão, a gente vê que, ao contrário daquilo que afirma e cobra de outros países, como seu próprio nome diz, o Reino Unido não é uma Democracia e, sim uma Monarquia sólida, abrandada pela Aristocracia que controla o Parlamento.
De qualquer forma, nada disto reduz o encanto do Reino Unido. A Rainha morreu!
Viva o Rei!