Os mais antigos sabem que a vida é feita de escolhas e que cada uma delas [das escolhas] tem consequências.
Ontem, assim como o povo brasileiro fez em 2018 – quando preteriu o professor Fernando Haddad para consagrar Jair Bolsonaro na presidência da república e deu naquilo que todos sabem -, mesmo diante da possibilidade de optar pelo humanista Sérgio Massa, a maioria absoluta do eleitorado argentino elegeu o ultra-direitista Javier Milei, que se auto-proclama expoente de um tal anarco-liberalismo.
Se cumprir aquilo prometido em campanha, um ideário representado por uma serra, Javier Milei poderá não consertar a Argentina, mas, seguramente, colocará o país de cabeça para baixo, pois desmontará uma estrutura de governo que, bem ou mal, vem funcionando há muito tempo.
Para começar, Milei vai extinguir o Banco Central e, mesmo sem reservas monetárias e qualquer responsabilidade, vai dolarizar a economia e acabar com a moeda nacional.
Junto com isso, a exemplo de Carlos Menen (presidente que, secundarizando os interesses nacionais, dizia que ‘qualquer coisa boa para os Estados Unidos era boa para a Argentina’), vai afastar o país do Mercosul e dos BRICS, assim como [afastar o país] do Brasil e da China, maiores parceiros comerciais da Argentina, para estreitar relações com a Casa Branca.
No campo social, pouco se lixando para as consequências junto à população pobre e dependente dos subsídios e suporte do Estado, Milei vai extinguir ministérios importantes, como educação. Mas, não para por aí.
Como forma de geração de renda para as pessoas, Milei vai autorizar a venda de órgãos humanos.
E, fazendo a festa dos capitalistas, Milei vai radicalizar à desestatização da economia, incluindo até as praias, os mares e os rios no programa de privatizações.
Insinuando que ‘não será bem assim’, analistas liberais dizem que “campanha é campanha e governo é governo”.
O dilema está colocado: se fizer aquilo que prometeu, Milei destroçará a Argentina, se não fizer [o que prometeu], Milei desmoralizará (ainda mais) o discurso da Extrema-direita, que se baseia em denúncias vazias, promessas inexequíveis e um montão de Fakenews. Seja como for, a Argentina está fadada a sofrer na pele aquilo que o Brasil sofreu por ter feito a escolha errada em 2018.
Se estivesse num campeonato de ‘qual é o pior’, Milei deixaria Bolsonaro para posições secundárias. Imagine o tamanho do buraco à espera dos hermanos.
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