Por razões provavelmente ligadas ao chamado ‘complexo de Nova York’ (aquele no qual as pessoas pobres se ‘sentem’ ricas e, sem recursos, passam a torcer por elas [pelas ricas], passando a ‘gozar com o pau dos outros’), com olhos no dinheiro dos anunciantes, a grande mídia costuma dedicar pouco espaço para os perdedores, esquecendo pobres para concentrar holofotes nos ‘casos de sucesso’, destacando os campeões, os vencedores, os bilionários.
Neste embalo, formando uma grande bolha de alienação, o mundo é mostrado através de uma lupa capaz de doura-lo, minimizado os dramas causados pela fome, pela guerra, pelo desabrigo, pela solidão, pela miséria, pela tristeza, enfim escondendo as coisas que fazem chorar.
Naturalmente, existem misérias como aquelas vividas na Faixa de Gaza e no Rio Grande do Sul, que, de tão grandes, são impossíveis de serem escondidas.
Mesmo assim, muitos não saem da grande bolha de alienação (na qual estão inseridas bolhas de desinformação, num esquema que faz pessoas estarem simultaneamente em diversas bolhas) e, também impulsionados por doses variáveis de egoísmo, formam uma comunidade hipócrita, na qual, com poucos desfrutando a vida permitida aos ‘winners’ e uma maioria de ‘loosers’ se consola pelo complexo de Nova York, não há espaço para preocupações com os grandes problemas da Humanidade.
Não é outra a razão de a empresa Aston Martin ter construído e encontrado clientes para uma torre de 66 andares de apartamentos triplex à beira do Rio Miami, em Miami.
Será que, ao receber o automóvel de luxo como mimo da Aston Martin aos compradores, o futuro morador do residencial vai lembrar dos bilhões de homens, mulheres e crianças desabrigados, que sequer têm um prato de comida para aplacar a fome?
Não há dúvidas de que tem algo muito errado na forma com o mundo está organizado e, se não fizermos rapidamente algo para barrar o avanço do egoísmo e despertar aqueles que sonham o complexo de Nova York, a miséria vai recrudescer uma situação de revolta incontrolável.
A história da Bastilha vai ser café-pequeno.
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